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9 tendências para o agro que devem se consolidar em 2024

Conheça as variáveis que podem impactar os resultados da produção de alimentos no Brasil e o no mundo

Redação

em 23 de julho de 2024


Uma das grandes preocupações da Organização das Nações Unidas (ONU) é garantir a segurança alimentar global, e a produção do agronegócio tem papel fundamental nisso. No entanto, essa produção pode sofrer diversos impactos, como interferência do clima, questões econômicas e até reflexos de conflitos geopolíticos. Em artigo, o professor Marcos Fava Neves, das Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP), da FGV (São Paulo – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP) analisa as principais tendências do agro. Confira a seguir.

1. Impactos geográficos

Os impactos geopolíticos decorrentes de conflitos como o entre a Rússia e a Ucrânia, e entre Israel e o Hamas, entre outros, têm causado preocupação no mercado internacional de alimentos. Os episódios que ocorreram no Mar Vermelho, com navios sendo atacados, por exemplo, causaram sérios impactos na cadeia de suprimentos e colocaram a segurança alimentar global em risco. Os ataques Houthi causaram interrupções dos transportes marítimos na região, e por consequência, houve aumento de preços e a deterioração dos alimentos perecíveis.

2. Eleições 2024

Outro ponto de atenção são as eleições de 2024. Países como Estados Unidos, Índia, México e muitos outros têm eleições presidenciais esse ano, além do Parlamento Europeu. Mas o que a política interfere na produção de alimentos? A resposta é rápida e direta: em tudo, especialmente sobre as importações e exportações. 

3. Impactos econômicos

O crescimento econômico global também é um ponto que deve ser considerado. Estima-se que o produto interno bruto (PIB) global apresente uma leve retração em 2024. A projeção era de 2,9%, mas deve crescer cerca de 2,7%.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o crescimento esperado para o Brasil é de 2,3%, de acordo com dados revelados pelo Banco Central.

Considerando que o Brasil importa boa parte dos insumos para produção agrícola e exporta grande parte da produção nacional, é preciso ficar atento às taxas de câmbio. Para Neves, apesar disso, “o ponto positivo é que o consumo de alimentos é um dos últimos a serem cortados quando há necessidade de redução de gastos”. 

4. Impactos climáticos sobre o agronegócio

Neves explica que o agro brasileiro precisa estar atento ao clima e às imprevisibilidades das mudanças climáticas. “Apesar dos grandes resultados das últimas safras, o setor foi impactado de diversas formas nos últimos anos”, comentou. 

De fato, as previsões indicam a continuidade do fenômeno El Niño, com secas na região Norte do Brasil, altas temperaturas no Centro-Oeste e muita chuva no Sul. Há também uma possível transição para o La Niña, no segundo semestre (2024), com chuvas no Norte, possibilidade de menos chuvas no Centro-Oeste e secas e frio no Sul no Brasil. 

5. Transição energética

biogas

Em compensação, o Brasil pode despontar como uma solução para a questão climática global, afinal é um dos países líderes no cenário de transição energética. As produções sustentáveis de etanol, biodiesel, biogás, biometano, bioquerosene, entre outros produtos, garantem a redução do uso de combustíveis fósseis, o que reduz consideravelmente as emissões de gases causadores do efeito estufa. 

6. Bioinsumos

O mercado de biológicos, bioinsumos e outras alternativas aos insumos tradicionais se fortalece e aponta como tendência no agro para 2024. O uso de bioinsumos também é uma alternativa para a mitigação dos gases de efeito estufa. Em maioria, são classificados como “carbon friendly”, ou seja, colaboram com o mercado de carbono.

7. Agricultura regenerativa  

O mercado de grãos também está sofrendo com as interferências climáticas. Infelizmente, o fator imprevisibilidade permanece. Neste sentido, Neves alerta para a máxima“ficar melhor antes de ficar maior”, que deve ser considerada. Segundo ele, é preciso trabalhar os recursos financeiros, tecnológicos e humanos com cautela. 

8. Mercado de proteínas

O consumo interno de proteína e as exportações estão em alta. Exemplo disso é o aumento de frigoríficos brasileiros certificados e habilitados para exportação da carne brasileira para China. O volume, que era de 26% até 2019, passou para 40% em 2024. A adaptabilidade do mercado brasileiro às exigências internacionais está impulsionando as exportações de carnes brasileiras, inclusive para países mais exigentes. 

9. Outras cadeias

As produções de cana-de-açúcar, dos cítricos e do café devem enfrentar, em 2024, um ambiente parecido com 2023, ou seja, demanda dos mercados internacionais e bons preços.

Análise

Embora 2024 seja um ano desafiador para o agro brasileiro, Neves acredita que a visão de médio e longo prazo deve ser retomada, assim como as perspectivas de crescimento na demanda. “O cenário é tão promissor que acredito que este pode ser um dos anos mais marcantes quanto a investimentos internacionais no Brasil, especialmente no agro, já pensando no futuro próximo. As oportunidades são muitas, basta termos resiliência, responsabilidade e trabalho para seguirmos entregando grandes resultados”, completou.