economia ambiental

A importância da economia ambiental para o avanço da humanidade

Em artigo, o gerente de meio ambiente da Marfrig explica o conceito de economia ambiental e a sua importância para o nosso avanço

Giovani Amboni

em 8 de julho de 2022


O meio ambiente vem passando por transformações se considerarmos aspectos reais e práticos, bem como se avaliarmos o conceito e amplitude que o tema está tomando.

Nas décadas de 1980 e 1990, estudos e pesquisas evidenciavam a necessidade de inserir o homem como parte integrante do meio ambiente. Não se pensava mais em dissociá-lo, até porque, sentindo-se excluído do mesmo, foram gerados impactos significativos na natureza. Degradações ocorreram sem as devidas análises e estudos necessários. Dessa forma, o homem passou a integrar o conceito e fazer parte do processo ambiental;

Em 2000, a tríade sócio-econômica-ambiental foi inserida, tendo as  Organização das Nações Unidas (ONU) contribuído significativamente para a sua consolidação. Instrumentos como a Agenda 21 marcaram o compromisso assumido com o meio ambiente já de forma mais participativa, buscando envolver os setores da sociedade na busca, resolução e planejamento de um mundo melhor. Surgiu então o conceito de preservar para garantir qualidade de vida para as próximas gerações.

Por volta de 2010, com a globalização, o mundo passou a se conectar, e a informação gerada era rapidamente sintetizada pela população. A necessidade de estabelecer princípios e instrumentos que garantissem a qualidade de vida, a geração de empregos e a preservação ambiental passou a ser o mote. 

Mais que uma política, havia de ser criado um instrumento baseado em conceito, possibilitando o envolvimento da população, das empresas e dos governos. Em síntese, a necessidade de preservar o meio ambiente – não por mera necessidade, mas de forma intrínseca à nossa necessidade de nos mantermos vivos – exige abraçar a natureza com “paixão” e entender que no ciclo  da vida o ser humano é uma peça que tanto complementa as demais como é complementado.

O conceito da Economia Circular, surgido na década de 1990, estabelecia a necessidade de associar o desenvolvimento econômico a um melhor uso dos recursos naturais, por meio de modelos novos e processos de fabricação que utilizem materiais recicláveis. O homem começava a monitorar processos e a gerenciar produção, com os projetos passando a considerar a preservação em seus conceitos. Mas ainda havia a necessidade de incorporar, de forma prática, e enraizar o ser humano como um dos integrantes do meio ambiente.

ESG (Environmental, Social and Governance)

Surgiu uma nova era. O conceito ESG (de  meio ambiente, social e governança) possibilitou envolver o ser humano nas questões ambientais, nos anseios e necessidades sociais para a produção sustentável. O ESG garante o envolvimento dos setores produtivos, iniciativa privada e organizações não governamentais no centro das formulações e consolidações de políticas públicas e atividades geridas e fundamentadas em premissas de preservação, bem-estar e qualidade de vida.

A economia ambiental toma força com isso e estabelece o homem como instrumento gerador de políticas públicas e privadas, o inserindo no seio ambiental não só para garantir a elaboração de instrumentos de medição e controle, mas, acima de tudo, como ente participante do processo. 

O conceito ESG toma força e destaca que as cadeias de valores devem sempre considerar o meio ambiente, as questões de ordem social e a governança no contexto ambiental. Essa, portanto, é a finalidade da economia ambiental.

O ser humano passa a entender que as suas necessidades são “infinitas”, porém, os recursos naturais não o são. Isso introduz instrumentos que mensuram, coíbem, avaliam e, por fim, auxiliam a melhor tomada de decisão frente aos desafios do mundo moderno.

A economia entende que o meio ambiente é parte do processo de geração, formação e consolidação de valor na cadeia produtiva e que desastres e desequilíbrios ambientais podem afetar a produção, bem-estar social e demanda por produtos e serviços. 

Solo, ar e água

É Interessante analisar impactos no solo, ar e água. Em extrações de minérios, e cita-se o caso da barragem de Mariana com rompimento, alagamento com rejeitos das áreas lindeiras, fica claro que a economia foi afetada quando considerarmos que a produção de minério que cessou. Além disso, houve a transferência das residências para outra área – e com isso o deslocamento da atividade produtiva dos moradores que anteriormente produziam e desenvolviam, quem sabe, uma agricultura familiar. Agora eles residem em áreas sem aptidão agrícola, de modo que os governos também pararam de arrecadar impostos como IPTU, INSS e outros.

Na produção industrial, no que tange o processamento e beneficiamento dos bens de consumo ou de produção em unidades industriais, gera-se efluente pela utilização de água nos processos e resíduos atmosféricos. Nesses casos, se o efluente líquido e gasoso não for devidamente tratado, a poluição de mananciais e do ar afetarão o meio ambiente. Em um primeiro momento, isso gera poluição dos rios, reduzindo a pesca e o abastecimento de água, causando desequilíbrio econômico, social e ambiental. 

As emissões atmosféricas em desacordo com a Legislação também podem gerar problemas de saúde e outras necessidades que transfiram o eixo dos moradores da região afetada a outras áreas. Todos esses fatores, associados a instrumentos como FAIRR (indicador que avalia mudanças climáticas, desmatamento e escassez de água), destacam o compromisso das empresas e indústrias com o meio ambiente. 

Com indicadores como esse, é possível pontuar como as empresas estão agindo frente ao cumprimento das metas elencadas e/ou assumidas. E isso influencia na economia. Inclusive, as ações dessas próprias empresas podem subir ou cair de acordo com as suas atitudes sustentáveis. 

Cada vez mais a globalização faz com que a informação transpasse vários segmentos, e o ESG, no seu eixo social, leva as pessoas a consumir cada vez mais produtos livres de contaminantes e/ou que não prejudiquem o meio ambiente. É o homem decidindo de forma transparente e alicerçado em informações, quais produtos e empresas podem ser utilizados sem comprometimento e rompimento da cadeia ambiental.

A força da mídia, junto ao mundo globalizado, torna os conceitos ESG totalmente aplicáveis e isso permeia a execução de projetos. Junto com indicadores ambientais e sociais, esses instrumentos buscam dar transparência e consciência em prol de um mundo melhor, mais humano, com processos eficientes e  limpos em suas gerações, garantindo a proteção ambiental.

Pensar globalmente e agir localmente, portanto, mostra a necessidade de estabelecermos políticas públicas adequadas que, invariavelmente, garantem a qualidade de vida nas cidades. Nesse sentido, precisamos agora avançar na consolidação de instrumento social e participativo que garanta a discussão prévia a respeito das ações necessárias frente aos eventuais problemas acerca do ESG. Isso, aliás, pode ser premissa das novas administrações públicas e privadas.