Ação conjunta de produtores promove pecuária sustentável na Amazônia
Grupo de pequenos produtores conseguiu aumentar a produtividade com ações de recuperação de áreas degradadas, correções do solo e descanso da terra
Na região do Baixo Amazonas, às margens do rio Trombetas, está o município de Oriximiná, localizado a 881 quilômetros de Belém (PA) e onde um grupo de pequenos produtores rurais se uniu para realizar ações de recuperação de áreas degradadas, fazer correções no solo e permitir o descanso da terra. Com a adoção dessas práticas mais sustentáveis, os pecuaristas estão equilibrando a criação de animais com a preservação do meio ambiente, ao mesmo tempo em que ampliam a produtividade local.
A prática está relacionada à tentativa de ajudar na manutenção da Floresta Amazônica, o que beneficiará não só a região, mas todo o planeta, uma vez que ela armazena carbono equivalente a cerca de 40 anos de emissões dos Estados Unidos, segundo noticiado pelo Food Connection.
De acordo com o site, a Floresta Amazônica é essencial para a regulação do clima global, por isso ações para mitigar o aquecimento global e conservar a biodiversidade vão melhorar também a qualidade de vida da população.
Pecuária sustentável na Amazônia
Luiz Junior é pecuarista e médico veterinário. Ainda em 2018 ele iniciou um processo de recuperação da terra em sua propriedade de 1,7 hectares. Atualmente, ele tem 57 hectares recuperados. O pecuarista apostou na correção do solo e em espécies de pastagens adequadas ao clima da região. Agora a fazenda conta com áreas de sombra para os bois, vacinas reprodutivas contra doenças infecciosas e suplementação vitamínica.
Segundo ele, a produtividade melhorou e já apresenta uma taxa média de criação de 4,12 animais por hectare, acima da média nacional, segundo o último Censo Agropecuário do IBGE.
Na região onde Júnior atua, tem um grupo de aproximadamente 80 produtores rurais que também estão adotando práticas de pecuária sustentável na Amazônia. Segundo ele, a ideia é usar conceitos da pecuária intensiva para melhorar a relação dos produtores rurais com os animais, garantindo assim melhor desempenho e receita para a propriedade.
Pedro Arthur Printes, é pecuarista e mecânico. Ele participa do grupo que defende a pecuária sustentável na Amazônia e começou a recuperação da sua área em 2021.
Dos 40 hectares de pasto, 12ha estão em processo de recuperação. Ele optou pelo uso de cercas elétricas para pastejo rotacionado e fez a escolha de espécies de pastagens. Como resultado, obteve uma propriedade mais sustentável e com maior produtividade.
Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, defende a importância do bom manejo para garantir aumento na produtividade. Segundo ele, a análise do solo e a correção de nutrientes, além do uso de cercas elétricas, são exemplos estão se tornando práticas comuns na região amazônica.
A rotação de pasto também é uma técnica importante citada pelo especialista, uma vez que permite a recuperação adequada antes de serem pastejadas novamente. Outro ponto de atenção do especialista da Embrapa é o investimento na capacitação de funcionários. “Essa é uma forma de garantir práticas de bem-estar animal”, completou.