Acordo UE/Mercosul traz novidades para o agronegócio
Posicionamento da União Europeia com o Mercosul é altamente estratégico
Após 25 anos de negociações, a União Europeia e o bloco Mercosul chegaram a um acordo de livre comércio (ALC). O acordo tem como objetivo estabelecer uma das maiores zonas de livre comércio do mundo, abrangendo 750 milhões de pessoas e cerca de um quinto da economia global.
O posicionamento da União Europeia com o Mercosul é estratégico e ocorre em um momento no qual o grupo precisa ser mantido, uma vez que o bloco enfrenta disputas comerciais com seus dois maiores parceiros comerciais:: EUA e China.
“Acredito que uma das principais preocupações é que muitos países sul-americanos estão desenvolvendo laços mais estreitos com a China e aprofundando as relações comerciais com ela, em um momento em que a UE quer se diversificar para além da China”, declarou Frances Li, analista de Europa da Economist Intelligence Unit, à Euronews.
Acordo UE/Mercosul

Segundo a AGWeb, o acordo entre União Europeia e Mercosul amplia o escopo do agronegócio do Mercosul no mercado europeu. A eliminação gradual é estimada de 4 bilhões de euros em tarifas ao longo dos próximos anos, com destaque para alguns mercados. Confira os principais:
- Carne bovina: o Mercosul enquanto grande fornecedor de carne mantém índices anuais de exportações entre 100 mil e 120 mil toneladas. Com a nova proposta, haverá uma cota adicional de 99 mil toneladas com tarifas reduzidas.
- Aves: o Mercosul é o principal fornecedor de aves da União Europeia, tendo o Brasil como exportador de 300 m/t por ano. O acordo estabelece uma cota adicional de 180 m/t.
- Açúcar: o acordo cria uma cota de 180 m/t com imposto zero. Assim, o açúcar será direcionado para regiões deficitárias do sul da Europa. Isso pode ser uma ameaça às exportações de açúcar da França, onde produtores têm se manifestado contra a negociação.
- Milho: a União Europeia já importa 25% de suas necessidades com 6 a 7 bilhões e toneladas do Brasil. A novidade é que o novo acordo inclui uma cota adicional de 1 b/t de milho e importações ilimitadas dos derivados de milho. Novamente, há uma competição direta com a produção francesa de derivados de milho.
O acordo UE/Mercosul ainda prevê cotas para produtos como: carne suína, etanol, arroz, mel, sorgo, suco de laranja, cachaça, queijos, iogurte, manteiga e frutas. Para o setor agrícola, o Brasil está bem posicionado, já a França perde posições nas negociações.