indice de emissão

Brasil registra menor índice de emissão em 15 anos

Queda no desmatamento da Amazônia leva Brasil ao novo índice, mas outros biomas ainda demandam atenção

Redação

em 3 de dezembro de 2024


O controle do desmatamento na Amazônia, em 2023, colocou o Brasil em uma situação mais favorável quanto ao índice de emissão de gás carbônico. O país registrou  2,3 bilhões de toneladas de CO2 emitidos ao longo do ano passado, o que representa uma redução de 12% em comparação com as emissões de 2022.

A informação foi dada pelo Observatório do Clima para a Exame. De acordo com a publicação, os dados são do sistema de contagem (SEEG) do Observatório do Clima, e relatam a menor baixa desde 2009, ano em que o Brasil apresentou a menor taxa de emissão desde 1990. O índice aproxima o país do cumprimento de suas metas climáticas e das Contribuições Nacionalmente Determinadas ( NDCs). 

Menor índice de emissão na Amazônia

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O Brasil tem uma grande vantagem competitiva em comparação aos demais países. A posição privilegiada vem do fato de ter a maior parte da Floresta Amazônica em seu território e de contar com a abundância de recursos naturais. O país ainda apostou em mudanças no uso da terra, fator que responde por 46% de emissões de todos os gases de efeito estufa. Além disso, a redução na perda de vegetação do bioma amazônico representou 24%  na queda das emissões nacionais.

Para David Tsai, coordenador do SEEG, a redução no índice de emissão trata-se de uma excelente notícia, que coloca o Brasil na direção certa para cumprir o plano climático de 2025. “Mas, ao mesmo tempo, isso mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores ainda são tímidas ou inexistentes”, apontou. 

Segundo ele, a nova NDC brasileira deverá atender “um plano de descarbonização consistente e que faça, de fato, uma transformação na economia”.

Brasil é quinto maior emissor global

Apesar da boa notícia relacionada à redução das emissões oriundas da região amazônica, o desmatamento dos demais biomas causou aproximadamente 1,04 GtCO2e brutas em 2023, colocando o Brasil como quinto maior emissor global.

Tsai atribui o sucesso do Brasil na redução das emissões ao Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. Por outro lado, segundo ele, este foi o único responsável pela queda das emissões. Ele disse ainda que o Cerrado apresentou um aumento de 23% em suas emissões, 11% na Caatinga, 4% na Mata Atlântica, 15% no Pampa, enquanto o Pantanal apresentou aumento de 86% com as queimadas.

Para Bárbara Zimbres, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), responsável pelo cálculo do SEEG, o combate ao desmatamento na Amazônia começa a surtir efeito.  “Enquanto isso, em outros biomas, como o Cerrado e o Pantanal, acelera. Esse ‘vazamento’ não é algo novo e precisa de solução urgente para que continuemos tendo chances de atingir as metas de mitigação”, explicou.

O agronegócio também tem uma meta significativa sobre redução das emissões. Segundo Gabriel Quintana, analista de ciência do clima do Imaflora, organização responsável pelo cálculo de emissões de agro no SEEG, a última redução significativa do setor foi em 2018. Ele atribuiu o índice à maior demanda de produção.

“O desafio, bastante suscetível aos impactos da crise climática, é alinhar a mitigação das emissões com a eficiência da produtividade, em especial, a redução de metano e a adoção de sistemas que geram sequestro de carbono no solo”, completou o especialista do Imaflora. 

Nesse contexto, já existem movimentos no setor que buscam neutralizar as emissões na produção de carne, segundo a Embrapa. As boas práticas de sustentabilidade vêm apontando resultados positivos para o setor.