Pesquisadora aposta em cinturões verdes contra crise climática
Tais áreas, ao redor das cidades, reduzem emissões, fortalecem produtores locais, aumentam a resiliência climática e o abastecimento
O fortalecimento dos agricultores, inclusive com a criação de cinturões verdes no entorno das cidades, é uma solução importante no combate à crise climática mundial. Essa é a avaliação da de Ana Moraes Coelho, coordenadora do Programa Sustentabilidade nas Cadeias de Valor do EAESP-FGV, em artigo para o jornal Valor.
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De acordo com ela, a criação de condições favoráveis para a produtividade dos cinturões que abastecem as cidades depende de ações de adaptação às mudanças climáticas. Na prática, as iniciativas deveriam conter estratégias que fortaleçam as capacidades locais, além da cooperação entre produtores e a ativação de políticas públicas focadas no aumento da resiliência climática.
Em outras palavras, para manter os cinturões verdes é necessário que sejam aplicadas políticas que incentivem os produtores mais próximos. A especialista indica dois caminhos para esse fortalecimento: entender como as ameaças climáticas afetam a produção agrícola nos moldes atuais e quais são as vulnerabilidades dos produtores locais – em maior ou menor grau – em relação às exposições climáticas severas.
Uso de recursos naturais
No caso dos produtores no entorno urbano, além do enfrentamento de situações climáticas mais complicadas, há questões como a maior disputa pelo uso do solo e de recursos naturais como a água.
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Por outro lado, os arranjos locais de produção agrícola podem reduzir os efeitos de desabastecimento em caso de eventos intensivos ou problemas na cadeia logística. As cadeias de alimentos mais próximas também são mais sustentáveis, de acordo com Ana. Ela cita o estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como exemplo de argumentação.
Os dados da instituição mostram que cadeias alimentares curtas emitem de 4 a 15 vezes menos gases de efeito estufa (GEE) do que cadeias longas. Uma informação importante, ainda de acordo com a especialista: 85% dos alimentos de centrais de abastecimento analisados no estudo da universidade gaúcha seriam oriundos de outros estados. A exceção seria a Ceagesp, de São Paulo.