Foto: Fernando Dias/ SEAPDR/ Governo do Estado do Rio Grande do Sul
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Foto: Fernando Dias/ SEAPDR/ Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Como o agro gaúcho se prepara para 2025?

Governador do Estado conta que o Rio Grande do Sul tem o desafio de reconstruir a economia, especialmente o setor agropecuário

Redação

em 28 de janeiro de 2025


Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou algumas consequências das mudanças climáticas, como estiagem e enchentes, eventos que devastaram o estado, e agora precisa se reestruturar. A Emater-RS revelou que mais de 206 mil propriedades foram atingidas. Já a Farsul estimou o registro de prejuízo de pelo menos R$ 4 bilhões no agronegócio gaúcho.

Em entrevista para a Exame, Eduardo Leite, governador do estado, apontou o papel do governo federal na reconstrução local, assim como as oportunidades oferecidas pelo acordo Mercosul-União Europeia e o quanto isso pode mudar a realidade da região. 

“2024 trouxe frustrações por causa de enchentes, que comprometeram o que inicialmente parecia ser uma supersafra. As inundações afetaram não só as áreas devastadas, mas também a infraestrutura logística, comprometendo o escoamento dos produtos e a movimentação no campo. O produtor viu sua produção se perder, mas agora, com as condições climáticas mais favoráveis e a área já plantada, as previsões indicam que 2025 será um ano de recuperação”, revelou o governador.

Para Leite, é preciso que a população entenda que mudanças climáticas estão além das chuvas e enchentes. A estiagem também aconteceu no Rio Grande do Sul como reflexo da alteração do clima. “Diante disso, a questão da irrigação foi tratada em duas frentes: desburocratizar e agilizar os processos de licenciamento para barramentos e açudes no estado. Também criamos um programa de financiamento do estado dentro da iniciativa “Supera Estiagem”, que foi lançado no final do ano passado (2024). O programa apoia os produtores, oferecendo um aporte de até R$ 100 mil do valor investido em irrigação, funcionando como um prêmio pelo investimento”, explicou.

Recuperação de solos e pastagens

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Pesquisadores do DDPA coletando amostras de solo (Foto: Fernando Dias/ Ascom Seapi/ Governo do Estado do Rio Grande do Sul)

Segundo o governador, esta também é uma preocupação do Estado. Ele contou que o governo tem planos de lançar um programa voltado para a recuperação de solos, com o objetivo de ajudar na produtividade. “Estamos focados em estruturar uma iniciativa que ofereça apoio, especialmente para pequenos produtores e a agricultura familiar, mas não exclusivamente a eles. O programa contará com recursos, apoio técnico e maquinário para realizar a recuperação dos solos. A ideia é fornecer aos produtores um cartão do estado, com um valor de até R$ 30 mil, para a aquisição dos insumos necessários. Além disso, o apoio técnico da Emater e da Extensão Rural, e a disponibilização de maquinário para auxiliar os municípios no processo também fazem parte da iniciativa”.

Leite afirma que avanços também estão acontecendo na política de seguros e não apenas para o setor agrícola. “A previsão é lançar em breve o primeiro edital de licitação para a construção de diques. O seguro rural no Brasil é um grande desafio, especialmente para um país tão dependente da produção agrícola”, completou.

A falta de infraestrutura no agro

Segundo Eduardo Leite, o que o agro gaúcho mais precisa é segurança e logística. “Ou seja, é preciso investir em infraestrutura que permita o escoamento da produção de forma eficiente. Conseguimos aumentar consideravelmente os investimentos, especialmente voltados para a melhoria da infraestrutura”, afirmou. Ele também explicou que os recursos do porto de Rio Grande estão sendo integralmente reinvestidos nele, principalmente para a dragagem. “Além disso, por causa das enchentes, estamos aportando R$ 700 milhões, fruto de um acordo com o governo federal, onde a dívida do estado foi suspensa e os recursos destinados a um fundo de reconstrução. Nos próximos três anos, esperamos acumular cerca de R$ 14 bilhões neste fundo, que serão usados exclusivamente para a reconstrução do estado, com foco em infraestrutura”, completou.

O repasse de verbas do governo federal também esteve na pauta do governador. Para ele, os recursos foram insuficientes, embora exista a expectativa de que o governo faça um novo aporte. “O diálogo está sendo feito com o ministro [da Agricultura e Pecuária], Carlos Fávaro”, contou. 

Acordo entre a União Europeia e o Mercosul podem beneficiar o RS

Para o governador, o acordo entre União Europeia e Mercosul é uma oportunidade que pode trazer benefícios, especialmente para a exportação de proteínas, como suínos e frangos, assim como outros produtos como o tabaco, que é uma das principais exportações do estado. “A indústria gaúcha está bem-posicionada para aproveitar as oportunidades que surgem com o acordo”, afirmou. Segundo o governador, o estado está se preparando também para o desenvolvimento de novas áreas de produção, como a de hidrogênio verde, que tem atraído o interesse de países como a Alemanha.

Outros dois produtos de destaque no Rio Grande do Sul são o vinho e o azeite, que já tem qualidade reconhecida no mercado global. Contudo, segundo o governador, será preciso adotar medidas estratégicas de posicionamento para incrementar as vendas. “A grande chave para o sucesso dos vinhos gaúchos é a promoção da marca, para garantir que a produção seja cada vez mais reconhecida no mercado. O azeite também entra nesse cenário. Embora o volume de produção ainda seja pequeno, a qualidade já é reconhecida. Esses produtos não apenas geram atratividade no mercado, mas também impulsionam o turismo local”.