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Tecnologia blockchain da Marfrig traz transparência para o campo e para as suas histórias

Plataforma Conecta usa blockchain para dar visão completa da cadeia de produção de carne, trazendo sustentabilidade e transparência

Redação

em 24 de fevereiro de 2023


Rastrear os fornecedores diretos e indiretos é um dos principais desafios da pecuária. Tal ação está ligada à transparência e à produtividade das fazendas, motivo pelo qual a Marfrig apoiou o desenvolvimento e a aplicação da ferramenta de rastreabilidade baseada em blockchain desenvolvida pela SafeTrace, em parceria com a ONG Amigos da Tarre – Amazônia Brasileira, para proporcionar visibilidade total da cadeia de produção da carne.

Chamada Conecta, a solução utiliza blockchain para monitorar toda a cadeia de produção da carne e verificar a qualidade da cadeia em função de parâmetros de qualidade, socioambientais e sanitários. “Rastrear nada mais é do que contar a história do animal, por onde ele passou e os seus atributos”, comenta Vírgilio Ferreira, CTO da Safe Trace.

Na visão de Pedro Burnier, diretor de pecuária da ONG Amigos da Terra, que também fez parte da parametrização da tecnologia, a rastreabilidade tem um papel fundamental na promoção da pecuária sustentável, já que ela consegue não só trazer dados para os produtores, como também chegar ao consumidor final. “O consumidor conseguirá ver a origem da carne. O mercado comprador também”, diz Burnier. 

O diretor do Instituto Matro-grossense da Carne (IMAC), Bruno de Jesus Andrade, acredita que a transparência “é o começo de tudo, para a gente entender a indústria e começar fazer as mudanças necessárias”, fala Andrade. 

Virgílio Ferreira, da Safe Trace, avalia que a rastreabilidade não existe por si só, mas sim é consequência de um controle de processos. “A rastreabilidade não é uma ferramenta ou uma solução em si, ela é derivada de um processo produtivo bem controlado, claro, que respeita as regras e o local onde ocorre a produção”, diz.

Leia também: Brasil já tem condições de rastrear fornecedores indiretos da pecuária 

Diferente de uma saca de café ou de uma produção de soja, a carne tem uma cadeia mais complexa de ser analisada. Isso porque, nem sempre o boi nasce ou engorda na mesma fazenda que vende para o corte. São muitos espaços a serem analisados, e cada um deles precisa ser rastreado para contar no produto final. 

“Em alguns casos, o animal passa por três ou quatro fazendas antes de ir para o frigorífico. E todas essas fazendas precisam ter o histórico completo. Mesmo nos frigoríficos, tem alguns que só fazem o abate e vendem a carcaça para aqueles que fazem a desossa, outros processam carne para além dos cortes. Isso tudo é um fluxo de produção”, explica Ferreira. “É preciso ter um controle de qualidade e controle de temporalidade, para se entender quais insumos e como foram feitos esses insumos, tudo isso para rastrear o processo.”, completa. 

O desafio atual é se movimentar por entre esses players e atender aos protocolos diferentes de cada um deles. E é aí que entra a tecnologia em blockchain da Marfrig, que acaba fazendo tais protocolos e processos de cada espaço equivalentes e visíveis em um único só lugar.

Andrade indica ainda que a plataforma permite fazer a rotulagem do produto diferenciado na gôndola do supermercado. “Quando o produtor consegue identificar que o produto cumpriu todos os critérios, que a propriedade utilizou tecnologia e foi sustentável, há a possibilidade de valorizar a cadeia toda”, diz o diretor do IMAP.

O entorno da fazenda importa 

“A carne sempre teve atributos intrínsecos, cor, sabor, PH, que diziam bastante sobre como ela é produzida. Mas agora você tem outros atributos que são importantíssimos. As pessoas e o mercado querem comprar a carne que veio de uma fazenda em que não houve desmatamento”, lembra Burnier. Ou seja, importa também entender o que acontece na fazenda e como isso impacta o mundo.  

A indústria está exigindo isso do fornecedor, o consumidor começa a olhar valor nisso e pede da indústria. A tecnologia, nesse sentido, é um caminho tecnológico para que os produtores ganhem protagonismo no discurso sustentável da indústria e mostrem que não só estão adequados, como também produzem valor para o seu entorno. “O pecuarista tem mais controle sobre a situação social da propriedade dele e da cadeia de quem ele está comprando”, fala Burnier. 

Transparência para fora e para dentro

A transparência também funciona para a gestão da fazenda. Ao ter acesso aos dados dos animais e dos seus entornos, o produtor pode analisar como está indo a produtividade. “Ele consegue medir qual é a maior eficiência, onde estão as oportunidades de ganho e quais são os animais que ganham mais peso. É possível ter um ganho gigantesco numa plataforma desse tipo”, diz Burnier.

Andrade, do IMAP, acrescenta que o bem-estar animal também ganha com esta ferramenta, já que poderão aparecer os padrões de manejo no rastreamento. “Será possível fazer inserção na plataforma de outros protocolos que verificam a questão do bem-estar animal, criando uma situação em que os produtores que fazem a mais e tratam muito bem o seu animal terão possibilidade de ter a rentabilidade aumentada. E a indústria recebe em troca os melhores produtos”, fala Andrade.

Além disso, cria uma “cadeia do bem”, focada em comprar e vender tendo como objetivo a sustentabilidade e o desenvolvimento social. “Podemos fortalecer enormemente nossa cadeia produtiva tendo orgulho do que fazemos. Os produtores precisam estar motivados, precisam que os protocolos ditem as direções do que deve ser feito em termos de contar a verdadeira história”, afirma Ferreira. 

“Pecuarista ajuda a construir a sociedade, esse driver é o que temos que levar, é o único que eu acredito que vá causar efeito nos índices de desmatamento. O produtor precisa contar essa sua história, que é muito bonita”, acrescenta Ferreira.

Como participar da tecnologia

Para integrar o sistema, o produtor recebe o convite para baixar o aplicativo e se cadastrar. Na sequência, já pode incluir os dados de suas propriedades e dos rebanhos, como certificados de nascimentos, mortes e vacinação dos animais, além de convidar seus fornecedores e registrar compras, vendas e outras operações. Na plataforma também serão armazenadas as certificações socioambientais exigidas para permitir o fornecimento à Marfrig.

A ferramenta aplica qualificação, rastreabilidade e transparência com cobertura integral da cadeia produtiva de carne bovina, facilitando a troca de dados segura entre os diferentes elos da cadeia, por meio de tecnologia blockchain.