Conheça o Fiagro, uma nova forma de investir no agronegócio
Modelo foi aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2021, e utiliza um sistema financeiro avançado que otimiza custos operacionais
O agronegócio brasileiro está em plena expansão. Estima-se que o setor movimente pelo menos 25% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Como reflexo disso, o Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro) foi responsável, em 2023, pela captação líquida de R$ 4 bilhões. Já em 2024, segundo a B3, ele superou os 500 mil investidores.
Na prática, o Fiagro aposta em um modelo aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), desde 2021, que utiliza um sistema financeiro avançado que otimiza custos operacionais, além de melhorar receitas e possibilitar a redução da dependência dos bancos tradicionais. O Fiagro está baseado na legislação dos fundos imobiliários (FIIs). Os recursos captados são utilizados em investimentos de propriedades rurais e outras atividades produtivas do setor agroindustrial.
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Agro avança no mercado de capitais
Igor Lucena, economista e CEO da Amero Consulting, declarou para a Forbes que o Fiagro é uma grande inovação do mercado brasileiro. “Isso contribui para a competitividade do setor agrícola brasileiro, beneficiando tanto investidores quanto tomadores de recursos”, justificou.
Outro dado positivo atrelado ao Fiagro está relacionado à isenção de imposto de renda (IR) sobre os dividendos recebidos para pessoas físicas, o que se configura como uma vantagem nos padrões brasileiros de investimentos.
Conheça as três categorias do Fiagro
O Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais está subdividido em três categorias principais.
1. Fiagro FIDIC
Essa é uma modalidade que realiza a compra de créditos de produtores que, na maioria das vezes, precisam receber valores para manter o ciclo das operações. Há a negociação de uma taxa menor de deságio, o que viabiliza o ciclo financeiro desses créditos. Em outras palavras, os produtos precisam de dinheiro e os investimentos podem ajudar (no longo prazo).
2. Fiagro-FIP ou Fundo de Investimento em Participações
Aqui os investidores se tornam praticamente sócios de diversos negócios. Esse fundo de investimento acontece via participação em sociedades de empresas do agronegócio. Dessa forma, ele movimenta o capital de empresas já estabelecidas e fomenta novos negócios.
3. Fiagro-FII
Essa é uma opção que permite investimentos em propriedades rurais e imóveis agrícolas. O foco da categoria são os investimentos no setor imobiliário e é comum o Fiagro pagar dividendos devido à exploração da terra, tanto para o plantio quanto para arrendamentos.
Vantagens e pontos de atenção do investimento
De acordo com Marcello Marin, contador e administrador, especialista em governança corporativa e em recuperação judicial, os investimentos em Fiagro têm retorno financeiro maior, uma vez que o agro brasileiro é um dos pilares da economia e representa a solidez do setor. “Uma vantagem é que há a possibilidade de vender a posição e ter liquidez com as cotas”, explicou.
Apesar disso, segundo o especialista, é preciso ficar atento, pois o agro é um setor que também é impactado por fatores externos, como o clima, por exemplo. Além disso, exis,tem as commodities agrícolas que variam de acordo com a safra e a colheita.
Jessica Natividade, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital, acredita que investir no Fiagro é uma oportunidade de rentabilidade superior à oferecida pelo CDI e outras aplicações tradicionais. “Isso é particularmente atraente em momentos de alta nos juros [Selic], quando esses fundos tendem a proporcionar retornos ainda mais interessantes”, complementou.
Segundo ela, é preciso levar em consideração que a performance do Fiagro está ligada às oscilações da taxa básica de juros. Ou seja, dependendo do nível da Selic e do ciclo da política monetária, os investimentos podem se tornar positivos ou negativos.
“Um dos maiores erros que um investidor pode cometer é concentrar toda a parcela de seu portfólio nesses fundos. Apesar de seus potenciais altos retornos, os Fiagros não devem representar a maior parte de uma carteira de investimentos”, aconselhou a especialista.