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COP29: saiba tudo sobre o maior evento climático do ano

A pauta do ano é o financiamento climático que deverá viabilizar o futuro do planeta

Nai Fachini

em 5 de novembro de 2024


A cidade de Baku, capital do Azerbaijão, foi a escolhida para sediar a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP29. O maior e mais importante evento climático global do ano tem a missão de discutir o futuro do planeta e traçar estratégias para combater a crise climática que assombra o mundo.

O evento, que acontece entre os dias 11 e 22 de novembro de 2024, reúne líderes mundiais, cientistas, estudiosos, ativistas e representantes de diversas áreas da sociedade para debater soluções urgentes capazes de mitigar os efeitos do aquecimento global.

Na COP29, os países devem trabalhar para resolver a lacuna de financiamento para adaptação. Atualmente, de acordo com o WRI, essa necessidade está entre US$ 194 e US$ 366 bilhões por ano e a tendência é de que continue crescendo. 

Em 2021, os países concordaram que havia a necessidade de dobrar o financiamento para adaptação até 2025, como parte do Pacto Climático de Glasgow. A COP29 será palco para que os países mostrem o progresso em relação a essa meta, conforme solicitado no Balanço Global (Global Stocktake), de 2023. 

Financiamento climático é o ponto-chave na COP29

Alguns especialistas já afirmaram que a COP29 é a COP do financiamento. E isso está atrelado à urgência do momento climático que vivemos. Cada país signatário criou seu plano de ação, cujo nome oficial é Contribuição Nacional Determinada (NDC, em inglês), e a grande questão é como colocar em prática cada uma dessas ações que visam mitigar as ações climáticas, sem o devido incentivo financeiro. 

“No caso da COP de Baku, a grande atenção mundial está voltada para a questão do financiamento no contexto do Acordo de Paris, que é a nova etapa daqueles US$ 100 bilhões por ano, que era um compromisso dos países desenvolvidos e que, do nosso ponto de vista e da maioria dos analistas, não foi cumprido ao longo desses cinco anos”, apontou André Corrêa do Lago, embaixador e secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, para a Agência Brasil

Vale ressaltar que o financiamento estabelecido pelo Acordo de Paris foi firmado durante a COP21, em 2015. Sabe-se que os países em desenvolvimento são os mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, por isso precisam de mais recursos financeiros para implementar medidas de adaptação e mitigação.

Por outro lado, os países mais desenvolvidos são historicamente os responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito estufa. Por isso, subentende-se que eles têm a obrigação de fornecer o financiamento prometido. No entanto, os recursos têm sido insuficientes, o que impede que muitos países em desenvolvimento adotem medidas mais ambiciosas para combater as mudanças climáticas.

Neste cenário, durante a COP29, os países em desenvolvimento devem pressionar  os países ricos por um aumento significativo do financiamento climático. Além disso, devem ser exigidos mecanismos mais transparentes e eficazes para a distribuição desse incentivo financeiro. Outro ponto alto do evento deve ser a criação de um fundo para perdas e danos, que compensaria os países mais vulneráveis pelos impactos irreversíveis das mudanças climáticas.

Agricultura sustentável

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A agricultura sustentável é mais um dos temas cruciais da COP29. Como a agropecuária desempenha papel fundamental tanto nas causas quanto nas soluções para as mudanças climáticas, e ainda tem a grande responsabilidade de alimentar o mundo, as práticas sustentáveis serão amplamente debatidas na COP29. 

Algumas pessoas apontam que a agricultura contribui significativamente para as emissões de gases de efeito estufa, mas vale ressaltar existem diversas soluções para mitigar as emissões e adaptação dos impactos das mudanças climáticas.

Durante a COP27 já se reconheceu o papel crucial do setor agrícola no enfrentamento das mudanças climáticas. Agora, na COP29, espera-se que esse reconhecimento seja ainda maior, com um foco em soluções práticas e inovadoras.

Estima-se que a COP 29 traga discussões sobre possíveis estratégias para ajudar os agricultores a se adaptarem a essas mudanças, como o desenvolvimento de cultivos mais resistentes e o uso de práticas agrícolas cada vez mais sustentáveis.

Nesse sentido, a agricultura sustentável é essencial para garantir a segurança alimentar mundial, e a COP29 abordará a questão da produção de alimentos suficientes para uma população em crescimento, sem comprometer os recursos naturais e o meio ambiente.

De acordo com Jorge Caetano Junior, coordenador-geral de Mudanças do Clima e Desenvolvimento Sustentável do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Brasil também dará atenção aos debates sobre o Compromisso Global do Metano, firmado na COP 26, em 2021. O acordo previa um esforço dos países para diminuir em 30% as emissões de metano até 2030. “O Brasil, por possuir um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, já adota estratégias para frear a emissão, como o Plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), voltado para a sustentabilidade no agronegócio”, citou.

Transição energética é outro grande desafio da COP29

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Um dos principais pontos discutidos pelo mundo é a transição para fontes de energia renováveis, o que será capaz de reduzir drasticamente a dependência dos combustíveis fósseis. Nesse sentido, vale ressaltar que a sede da COP29, o Azerbaijão, é um país cuja economia é fortemente baseada em petróleo e gás, e que vem enfrentando o desafio de conciliar seus interesses econômicos com os objetivos climáticos globais.

Em função disso, a escolha do Azerbaijão como sede da COP29 gerou debates sobre a credibilidade do país em liderar as negociações climáticas, assim como aconteceu com Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Críticos argumentam que a dependência do país em combustíveis fósseis pode comprometer a imparcialidade das discussões. No entanto, o governo azerbaijano tem buscado demonstrar seu compromisso com a transição energética, apresentando planos para aumentar a capacidade de energia renovável e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Uma das ações esperadas para a COP29 é que se avance nas negociações para estabelecer metas mais ambiciosas de redução de emissões, o que pode acelerar a implementação de políticas que promovam a transição energética. A criação de mecanismos financeiros para apoiar os países em desenvolvimento nesse processo também será um ponto crucial das discussões.

Adaptação: uma necessidade urgente

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A adaptação às mudanças climáticas é outro desafio que será abordado na COP29. Os impactos das mudanças climáticas já são realidade em muitas partes do mundo, e os eventos extremos, como secas, inundações e ondas de calor, são notados globalmente.

Assim, os países precisam investir em medidas de adaptação para proteger suas populações e economias dos efeitos das mudanças climáticas. Essas medidas podem incluir a construção de infraestruturas resilientes, o desenvolvimento de sistemas de alerta precoce e a implementação de práticas agrícolas sustentáveis.

Na COP29, os países deverão fortalecer seus compromissos de adaptação e compartilhar as melhores práticas para lidar com os impactos das mudanças climáticas. A criação de um mecanismo global para facilitar a transferência de tecnologia e know-how para os países em desenvolvimento também será um ponto importante das discussões.