Criação de suínos com bem-estar deixa família bilionária nos EUA
Um dos maiores produtores de carne suína dos Estados Unidos tem a sexta geração da família à frente do negócio e aposta em sustentabilidade
Brad Clemens, ex-advogado de fusões e aquisições de 41 anos, é o novo presidente da Clemens Food Group, uma das maiores produtoras de carne suína dos Estados Unidos. A empresa foi fundada há 129 anos e tem como acionistas 403 parentes. Sua estratégia é manter o capital fechado, além de adotar práticas sustentáveis e de bem-estar animal para a produção.
Em entrevista para a Forbes, Clemens revelou que manter a empresa “mais sustentável do que o resto da indústria”, fez a diferença, também, nos resultados financeiros e no seu posicionamento no mercado, até pela questão das novas regulamentações. Alguns dos maiores produtores de carne suína dos Estados Unidos perderam espaço para a Clemens. Exemplo disso foi o crescimento de 2% para 5% no mercado de carne suína fresca dos EUA, e de 1% para 2% no mercado de bacon. Isso garante à organização a posição de quinta maior produtora deste mercado, tendo faturado aproximadamente US$ 2 bilhões em 2023.
Investimentos

A empresa investiu cerca de US$ 1 bilhão, nos últimos cinco anos, para a criação de suínos em piquetes. A fábrica, com 28 mil metros quadrados e tecnologia de primeira, está avaliada em US$ 230 milhões. E, a título de curiosidade, a Clemens doa todos os anos 10% dos lucros para organizações sem fins lucrativos. Outros 10% são doados sob a orientação dos acionistas familiares. “Trata-se de construir valor no longo prazo”, justificou o presidente da empresa.
Segundo a Forbes, a estimativa de patrimônio da família, na sexta geração à frente da empresa, é de US$ 1,1 bilhão.
Além da fábrica e das propriedades, a Clemens ainda é dona de grande parte da sua cadeia de suprimentos. Isso inclui uma fábrica de rações em Indiana, outra ainda em construção na Pensilvânia, além de uma frota de 156 caminhões.
Produção anual e o bem-estar dos suínos
Todos os anos, a Clemens atinge a marca de 2,7 milhões de suínos criados. Destes, 110 mil são matrizes próprias. O saldo para as 700 mil toneladas de carne produzidas anualmente vem de outras 20 fazendas cooperadas.
Entre os clientes da indústria estão McDonald’s, U.S. Foods, Sysco, Wegmans, Wendy’s, Kraft, Publix, Target, Walmart e Jersey Mike’s.
Tradição familiar
Ainda em 1895, o fazendeiro John C. Clemens começou a transportar, em sua carroça, carne suína para um mercado na Filadélfia. Já em 1982, Brad Clemens (atual presidente), seu tataraneto, brincava na fábrica quando a organização atingiu nove dígitos de receita, pela primeira vez. E a evolução foi rápida.
Em 1986, a receita subiu para US$ 151 milhões e em 1990 atingiu a marca dos US$ 246 milhões. Apesar disso, a empresa teve que passar pela crise econômica em 1998. Porém, em um cenário em que muitos faliram, a Clemens pagou preços mínimos para muitos fornecedores. Na prática, a receita atingiu o pico, mas o lucro caiu consideravelmente, contudo, a indústria se manteve.
Uma das marcas da criação de suínos da Clemens foi a decisão de optar por piquetes e desmontar as gaiolas, melhorando o bem-estar animal. Outro ponto foi a construção, em 2014, da unidade de 60 mil metros quadrados em Coldwater, Michigan.
Em 2017 a empresa dobrou sua produção, criando uma nova metodologia para criação de animais livres de gaiolas.
Para o atual presidente da empresa, equilibrar um futuro sem gaiolas com os lucros potenciais nunca foi um problema para a empresa, uma vez que a mesma não tem acionistas. Todos os investidores são da família.
Nesse sentido, a Clemens Food Group tem regras (bastante rígidas) para se manter com o capital fechado. Outra característica do grupo familiar é que ninguém pode possuir mais de U$ 10 milhões em ações ordinárias e não ter direito a voto. Ou seja, é preciso participar das decisões.
Um adendo sobre os acionistas: eles só podem resgatar ações para investir em educação ou na compra de imóveis, além de ser permitida a retirada para doações para instituições de caridade.
Apesar de toda a participação da família nos investimentos, hoje, apenas 20 familiares trabalham diretamente na empresa, em tempo integral.