Desafios logísticos comprometem a entrega do produto agrícola
Em painel realizado durante o Agro Brasil, Luiz Antônio Rêgo, da ABRALOG, destacou os principais desafios logísticos para o agronegócio brasileiro
O vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), Luiz Antônio Rêgo, apontou a redução de desperdícios e a gestão eficiente de armazenamento como pontos de atenção para o agronegócio. No painel “Desafios Logísticos”, do evento Agro Brasil, realizado no dia 7 de novembro em Cuiabá, no Mato Grosso, o executivo também destacou a dificuldade de escoamento da produção agrícola, devido à disposição dos modais de transporte no país.
Com o objetivo de garantir a entrega eficiente dos produtos agrícolas, desde a produção até o consumidor final, a logística rural abrange etapas de aquisição de insumos agrícolas, transporte e armazenamento destes. Como parte dessas atividades, estão o planejamento de rotas, escolhas dos modais apropriados e gestão do dos estoques, além da coordenação entre produtores, transportadoras, operadores logísticos e varejistas.
“Queremos garantir a cadeia de suprimentos integradas. É um conjunto de engrenagens interconectadas. Se uma frear, todas são comprometidas. Se uma quebrar, todos os elos param. A cadeia precisa ser integrada, mas é importante um plano B, caso aconteça uma intercorrência em um ponto”, explicou Rêgo.
3 principais desafios para o agro
1. Transporte
As dimensões territoriais do país favorecem o transporte ferroviário, principalmente, no transporte de carga. No entanto, a matriz corresponde a apenas 15% do total. Por outro lado, o sistema rodoviário equivale a 65%, segundo dados apresentados pelo vice-presidente da ABRALOG. Ainda segundo Rêgo, um vagão de trem carrega o mesmo que três carretas com capacidade de 33 toneladas. Dessa forma, a otimização do processo é prejudicada.
Outro problema no transporte é a competição por vaga entre navios de diferentes segmentos, o que causa a formação de filas nos portos e nas rodovias, com os caminhões que fazem o transporte até o porto.
“Apesar do litoral imenso do país, nós temos uma limitação em relação aos portos que permitem navios de grande calado. E, normalmente, onde são permitidas tais embarcações, existe proximidade de grandes centros urbanos e é por onde a indústria automotiva gosta de exportar. Então, o navio que vem buscar grão aqui compete pelo espaço no cais com aquele que veio carregar carro”, pontuou o executivo.
2. Armazenamento
O investimento em instalações de armazenamentos e práticas de gestão de estoque é fundamental para reduzir as perdas pós-colheita. Nesse ponto, fatores externos como a demora na escoação da produção ou até mesmo a eclosão de uma guerra em um país com o qual o produtor faça negócios, pode demandar um tempo no estoque. Como esses exemplos fogem do controle dos produtores, a alternativa é desenvolver maneiras de conservar a produção, a fim de minimizar prejuízos.
3. Desperdício
Durante a apresentação, Rêgo mostrou que, aproximadamente, 72% da produção se perde ao longo da cadeia. Durante a apresentação, ele simulou o desperdício que ocorre nas etapas desde a produção até o consumidor final. Assim, constatou que 10% do desperdício ocorre na colheita, 50% no manuseio e transporte, 30% centrais de abastecimento e 10% nos supermercados e por consumidores