Desperdício de alimentos causa insegurança alimentar e aumenta emissões
Dados do PNUMA apontam que as perdas na produção e consumo são responsáveis por 8 a 10% dos gases de efeito estufa emitidos e um custo de US$ 1 trilhão anual
Estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostraram que em 2022 o desperdício de alimentos atingiu 1,05 bilhão de toneladas. Ao mesmo tempo, 783 milhões de pessoas passaram fome e um terço da população global enfrentou insegurança alimentar. Os números ressaltam a gravidade da questão alimentar no planeta e, mais do que isso, mostram que o descarte de alimentos foi responsável por 8% a 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa (GEE).
De acordo com o portal do Pacto Contra a Fome, o Brasil desperdiça mais de 55 milhões de toneladas por ano, enquanto 64 milhões de pessoas têm acesso restrito à comida. Esses números contemplam toda a cadeia e portanto, revelam a ineficiência na produção, operação e comercialização. A outra fração fica à cargo do desperdício nos domicílios, que são motivados por fatores como a cultura de abundância e a falta de planejamento.
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Na perspectiva brasileira, 84% do desperdício de alimentos ocorre antes que ele chegue à mesa do consumidor. Ainda de acordo com a organização, a distribuição das etapas leva em consideração cinco instâncias, confira a seguir.
- Produtores e colheita: 17,3 milhões de toneladas (31,2%)
- Pós-colheita, armazenamento e transporte: 10,8 milhões de toneladas (19,5%)
- Manufatura e abastecimento: 11,9 milhões de toneladas (21,5%)
- Varejo alimentar e serviço de alimentos: 7,9 milhões de toneladas (14,3%)
- Consumidor final: 7,5 milhões de toneladas (13,5%)
Desperdício além da questão alimentar
As etapas que compõem o sistema produtivo envolvem também outros elementos, como a força de trabalho e o uso de energia e de água. Isso significa que os desperdícios são ainda maiores do ponto de vista econômico. O preço pago pelo montante desperdiçado e perdido é de aproximadamente US$ 1 trilhão anual.
Para lidar com esse problema, os países devem observar e propor políticas – baseadas em dados – que beneficiem o investimento em tecnologias, infraestrutura, monitoramento e educação. Com ações desse calibre, os países irão caminhar para o alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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O objetivo 2 , “Fome zero e agricultura sustentável”, por exemplo, tem como meta “erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável”. Já o objetivo 12.3, incluso no ODS “Consumo e produção responsáveis”, almeja, “até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita”.