Dólar alto reduz crédito e pode aumentar custos
Por outro lado, o câmbio atual também favorece a exportação de produtos nacionais, embora muitos negócios já tenham sido fechados em contratos futuros
A desvalorização do real frente ao dólar tem vários efeitos no agronegócio brasileiro. Uma reportagem da revista Exame resumiu o processo, ao destacar que as exportações são favorecidas, embora muitos negócios já tenham sido fechados em contratos futuros, limitando os benefícios imediatos da alta do dólar, na avaliação de especialistas ouvidos na matéria.
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O problema da alta do dólar afeta muito os subsegmentos que importam mais, porque os custos serão afetados pelo câmbio. É o caso dos que precisam importar insumos como fertilizantes, ou seja, de todo o setor, com especial atenção para os pequenos e médios, que normalmente não são exportadores e não vão ser beneficiados pela alta.

Os especialistas ouvidos na reportagem lembram que grande parte dos insumos agrícolas no Brasil depende de importações. Com o momento de plantio, quando as despesas são maiores do que a receita proveniente da colheita e venda, a questão fica ainda mais complexa.
Outro fator negativo é a restrição de créditos. Aqui entra uma combinação que potencializa o problema: juros altos. A elevação da taxa Selic e a sinalização de novas medidas nesse sentido mostram que o crédito pode ser ainda mais restringido. Esse cenário, de acordo com a revista, pressionaria o governo federal a ampliar o crédito para o Plano Safra 2025/26.
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Outro ponto importante, segundo a publicação, é o endividamento atrelado ao dólar. Para os produtores rurais nessas condições, o valor dos juros será ajustado para cima e em reais.
Em tempo: o BTG Pactual revisou suas projeções para o dólar no final do próximo ano, elevando-as de R$ 5,80 para R$ 6,25. O banco também alerta que uma eventual piora no cenário fiscal pode levar a moeda a superar o patamar de R$ 7. Em setembro do ano passado, o banco havia sinalizado a possibilidade de o dólar ultrapassar os R$ 6, projeção que se concretizou em novembro, após a frustração com o pacote de corte de gastos.