Embrapa e Suíça se juntam para pesquisar sustentabilidade em pequenos produtores

A Embrapa e o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique estão avaliando como as políticas de regularidade ambiental afetam a produção na pecuária da Amazônia. Isso significa, na prática, criar um caminho auxiliar para que as empresas privadas reforcem as políticas de desmatamento zero.

O projeto vai pesquisar 1,2 mil propriedades rurais no Acre para entender como as regulações e exigências para o desmatamento zero chegam aos produtores. Como a desigualdade ainda é alta no Brasil, é preciso avaliar os impactos da implementação dessa política e propor alternativas para conciliar a melhoria da renda dos produtores com a redução das desigualdades socioeconômicas”, disse o pesquisador da Embrapa Acre, Judson Valentim ao Portal da Embrapa. 

Redução de danos e desmatamento zero

“Também buscamos com o projeto contribuir com a redução dos impactos negativos na renda dos pequenos produtores, que têm na atividade de cria parte da sua caderneta de poupança, além de assegurar a regularidade ambiental e a sustentabilidade da cadeia produtiva de pecuária de corte na Amazônia”, aponta Valentim.

Sete pesquisadores farão entrevistas por propriedades rurais distribuídas no Acre, distribuindo questões variadas. “O questionário inclui perguntas sobre criação e comercialização de gado, o nível tecnológico da propriedade, as preferências dos produtores na hora da venda do gado e a satisfação com as relações comerciais que eles têm. Ele também inclui aspectos socioeconômicos dos domicílios e da família que reside na propriedade, inclusive renda, valores e aspectos culturais. Queremos, ainda, entender qual é o nível de participação das mulheres na liderança dos empreendimentos agropecuários”, disse o pesquisador do ETHZ, Federico Cammelli.

Inclusão dos pequenos produtores

Os grandes frigoríficos, como a Marfrig, já rastreiam e exigem que os produtores rurais atuem em favor do meio ambiente. O que a pesquisa quer fazer é compreender como mais e mais fazendas podem entrar na lista de bons produtores da região. 

“Nosso objetivo é gerar recomendações para que a implementação das políticas de sustentabilidade na cadeia da carne bovina leve a máxima efetividade sem gerar impactos socioeconômicos negativos no setor, especialmente entre os produtores com menos resiliência, recursos e capacidade de adaptação”, comenta Cammelli.

O levantamento de dados será repetido no final de 2026, para avaliar os impactos econômicos e culturais ao longo do tempo.