Executivos do agro apontam as mudanças climáticas como o principal desafio do setor
Pesquisa mostrou que 56% dos CEOs no mundo afirmaram que a remuneração variável está vinculada às métricas de sustentabilidade
A 28ª Global CEO Survey, estudo anual conduzido pela PwC, mostrou que pelo menos 56% das lideranças do agronegócio consideram as mudanças climáticas como a principal ameaça do setor. A média nacional de todos os outros setores é de apenas 21%.
A preocupação com o clima vem sendo crescente. Em 2023, 54% dos executivos do setor apontaram as mudanças climáticas como fator de incerteza. O aumento de 2 pontos percentuais reflete os últimos acontecimentos globais.
Segundo o noticiado pela Bloomberg Linea, o dado reflete a percepção de urgência para mitigar os impactos das mudanças climáticas e garantir uma produção cada vez mais sustentável.
O estudo ainda apontou que, entre os CEOs que revelaram um balanço do resultado financeiro dos investimentos com baixo impacto climático nos últimos cinco anos, existe a probabilidade de aumentar em até seis vezes a receita. Outro ponto importante é que cerca de dois terços dos executivos no Brasil e no mundo relataram que esses investimentos levaram à redução dos custos ou não tiveram um impacto relevante nos orçamentos. Ou seja, a implantação de práticas mais sustentáveis não custa “tanto assim”.
“Em geral, os investimentos com baixo impacto climático estão associados a margens de lucro maiores. O dado é coerente com resultados da edição anterior da nossa pesquisa, que mostrou uma associação entre ações climáticas e desempenho financeiro mais forte. Outra pesquisa da Harvard Business School, publicada na revista strategy + business, da PwC, também indica um crescimento de receita mais rápido entre empresas que adaptam seus portfólios de produtos para soluções climáticas”, reforçou o editorial da 28ª Global CEO Survey.
O Brasil neste cenário

Apesar da crescente preocupação global com a sustentabilidade e Agenda ESG, evidenciada pelo estudo da PwC, que aponta que quase 70% dos investidores globais (contra 66% no Brasil) concordam que empresas devem investir em tais questões, o Brasil ainda demonstra menor preocupação com o tema no comparativo global.
Cerca de 56% dos CEOs no mundo afirmaram que a remuneração variável está vinculada às métricas de sustentabilidade, enquanto no Brasil, 59% dos executivos concordam sobre isso. “Quanto maior a porcentagem da remuneração do CEO atrelada a esses indicadores, maior a probabilidade de ganhos de receita com investimentos climáticos”, sinaliza o estudo.
Apesar disso, 25% dos CEOs no Brasil afirmam que investimentos climáticos aumentaram seus custos, enquanto 30% relatam aumento de receita.
De acordo com o estudo, 30% das empresas no Brasil e 33% no mundo já conseguem gerar receitas com investimentos climáticos realizados nos últimos cinco anos. Trata-se de um percentual que deve crescer com a progressiva descarbonização das economias.
Para elaborar a 28ª Global CEO Survey, foram ouvidos 4.700 líderes empresariais em mais de 100 países, incluindo o Brasil.