Exigências da China resultam em melhor produtividade no Brasil
Para se habilitarem como exportadores para a China, os frigoríficos nacionais precisaram investir em boas práticas e em sustentabilidade
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou, no primeiro trimestre deste ano (2024), a habilitação de novas plantas frigoríficas que se adaptaram às exigências da China para importação de carnes. Foram 38 habilitações de uma só vez, sendo 24 plantas de bovinos, oito de aves, uma bovina de termoprocessamento e cinco entrepostos.
De acordo com a Forbes, os estados que tiveram mais habilitações para frigoríficos de bovinos foram o Mato Grosso do Sul e o Mato Grosso, ambos com seis plantas. O Pará conseguiu habilitar quatro unidades, Rondônia, três, e Goiás, duas. Já os estados de São Paulo, Minas Gerais e Tocantins habilitaram uma planta cada um.
Para manter a exportação brasileira de proteína animal, os frigoríficos brasileiros precisaram se adaptar às exigências chinesas. Atualmente, as exportações para o país alcançam 17,4% da produção brasileira de carne bovina, o que representa uma demanda de 56 milhões de toneladas em 2024.
Relações internacionais entre Brasil e China
Segundo o governo brasileiro, em 2024 foram celebrados 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China. E, não por acaso, o país asiático se tornou o principal destino de carnes brasileiras (bovina, suína e de frango). No ano passado, a China importou 2,2 milhões de toneladas de proteína animal do Brasil, ultrapassando o índice de US$ 8,2 bilhões.
Para Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária, trata-se de um marco para os dois países. “A China vai receber carnes de qualidade com preços competitivos. Já o Brasil ganha com a geração de emprego, a oportunidade e o crescimento da economia”, declarou.
Além disso, uma pesquisa recente da Academia Chinesa de Ciências Sociais e a FGV Agro, da Fundação Getúlio Vargas, com apoio da ONG americana The Nature Conservancy, revelou que 22% dos chineses pagariam mais para ter uma carne com origem sustentável. Nesse sentido, a rastreabilidade é um quesito em alta, reforçando a importância do certificado de origem, além de práticas sustentáveis na produção fora de áreas de desmatamento.
Boas práticas melhoram a produtividade
Segundo Marcelo Ferreira, coordenador da área de bem-estar da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável, ações focadas em boas práticas de manejo refletem na produtividade. “A produção de proteína animal ganha valorização, tanto no mercado interno quanto no externo, com a pecuária sustentável”, afirmou.
Maurício Manduca, diretor de relacionamento com produtores na Marfrig, declarou recentemente que as exigências da China para manter as exportações com o Brasil impulsionaram a evolução do agronegócio nacional. “Esse mérito é dos produtores brasileiros, que investem no melhoramento contínuo do rebanho. O Brasil mais do que dobrou a sua capacidade produtiva para atender ao mercado mundial”, explicou o executivo.