Mário Chizzotti (Foto: Ana Azevedo)
ferramentas inovadoras
Mário Chizzotti (Foto: Ana Azevedo)

Ferramentas inovadoras melhoram qualidade e processos

Para professor da Universidade de Viçosa, a tecnologia é essencial para melhorar os resultados da pecuária

Ana Azevedo

em 24 de junho de 2024


Ferramentas como o ultrassom, as imagens 2D e 3D, a inteligência artificial (IA), a termografia e o Raio X são essenciais para melhorar a qualidade e a produtividade na pecuária. O tema foi abordado pelo diretor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Mário Chizzotti, durante palestra realizada no dia 18 de junho, na Arena de Conteúdo da Tecnocarne 2024.

Segundo ele, a tecnologia para as análises vem evoluindo. Enquanto na década de 40 ela era utilizada apenas para estimar o total de carcaças resultantes da produção de frigoríficos, hoje em dia os sensores e imagens detectam percentuais com grande precisão.

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De acordo com Chizzotti, hoje também já há maior qualidade de imagem, o que contribui para a melhoria da gestão e, consequentemente, da produtividade. Mas, ele ressalta que é preciso aprender a interpretar as tecnologias, ter um aprendizado da máquina, para, no caso das análises de carcaça, fazer o computador identificar áreas com cobertura de gordura. A imagem pode auxiliar significativamente, pois ela supera em muito uma avaliação visual.

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Mário Chizzotti (Foto: Ana Azevedo)

É o caso da utilização da imagem 3D, que possui precisão em torno de 0,1mm. Os franceses desenvolveram uma ferramenta nova que deverá evoluir a avaliação em animais novos, cujos protótipos deverão chegar em breve ao mercado. “Muita gente tem investido nessa tecnologia.

Padrão-ouro

Outra ferramenta apresentada por ele foi o DEXA, um escaneamento realizado em dois níveis de energia na peça, que gera uma imagem alta do osso e baixa da gordura, definindo quanto existe de músculo, osso e gordura, como um exame de densitometria (RaioX) para verificar osteoporose em humanos. “É uma tecnologia utilizada para exame de osteoporose e em atletas. É algo médico que está sendo trazido para ser utilizado na indústria frigorífica. Podemos considerar um padrão-ouro hoje.”

Ele diz que o DEXA veio para ficar, pois tem enorme potencial para ser adotado em escala comercial, uma vez que consegue registrar 92% na variação do tecido muscular. “Na Austrália, que é um país mais desenvolvido neste segmento, estão utilizando em ovinos. Metade da produção é tipificada com DEXA.”

Marmoreio por imagem

Outra utilização comentada pelo professor foi para estimar o marmoreio, separar o que é osso e gordura, principalmente em animais angus e nelore. O sistema não é indicado para animais com pouca gordura, pois, nestes casos, ele não estima tão bem. “Tudo depende da calibração dos aparelhos, potencial tem demais, embora não seja utilizado ainda para essa finalidade. A tecnologia está pronta, só falta calibrar o equipamento para esta função. Para quem quer marmoreio, o raio X é eficiente, mas o custo é alto.”

O marmoreio por imagem é um algoritmo de mensuração em tempo real de características, com base em visão computacional. Ele traz mais velocidade, objetividade e transparência na avaliação e classificação das carnes.

Existe ainda o marmoreio por espectroscopia. Os aparelhos determinam a quantidade de gordura, proteína com acurácia já trabalhada e que facilita a vida. “São novas ferramentas e a tendência é elas avançarem, como a hyperspectral, outro tipo de câmera que consome espectros em cada pixel da peça, gerando uma informação mais precisa.”

De forma geral, Chizzotti destaca como essas novas ferramentas poderão contribuir para melhorar os resultados para a pecuária, otimizando processos e até proporcionando melhorias ao bem-estar dos animais, uma vez que a disseminação do conhecimento e a aplicação de boas práticas se tornam diferenciais no manejo. “A UFV tem domínio da IA para aplicar no campo, testar ou desenvolver ferramentas para a indústria de tipificação”.