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Setor agropecuário recorre a crédito em dólar

Com os juros em alta, a contratação de financiamento atrelado à moeda norte-americana é uma opção para exportadores

Redação

em 5 de junho de 2023


O financiamento em dólar é uma alternativa viável para o setor agropecuário, no atual período de juros altos. Segundo matéria do site G1, existem algumas modalidades disponíveis, mas especialistas advertem para os riscos. O mais adequado é que a empresa que recorrer a essa solução seja exportadora e que tenha conhecimento do mercado cambial.

Operações atreladas à moeda norte-americana são indicadas para grandes produtores rurais. Isso porque eles também podem ter receita em dólar, por meio da comercialização de produtos via tradings, por exemplo, o que os protege das variações cambiais. Produtores da região Centro-Oeste do país são, portanto, elegíveis à obtenção de crédito em dólar.

“Boa parte dos produtores ficou muito grande, então eles têm relação direta com tradings que compram soja para exportar. É muito mais comum a trading fazer contrato em dólar porque ela administra bem uma moeda estrangeira, coisa que um pequeno produtor não tem”, afirmou ao G1 Roberto França, diretor de agronegócios do Bradesco.

Câmbio é ponto de atenção para quem tem despesas em real

É preciso, no entanto, observar a dinâmica da economia dos Estados Unidos antes de contratar o crédito. De acordo com os especialistas, clientes que têm custos em reais precisam avaliar o risco de ter o caixa afetado pelo câmbio.

Entre as opções disponíveis está um programa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em vigor desde maio, que disponibiliza R$ 2 bilhões para que as empresas adquiram máquinas e equipamentos agrícolas. O objetivo do banco de fomento com esse programa é estimular a competitividade e a produtividade do setor.

O financiamento do BNDES tem as mesmas características de um convencional, mas os recursos tomados são em dólar e, por isso, também o cumprimento das obrigações está atrelado às oscilações da moeda. A Taxa Fixa BNDES em Dólar (TFBD), alíquota de referência praticada desde o dia 15 do mês passado, é de 7,59%, podendo ser alterada de acordo com o prazo do contrato, que pode variar de 25 a 120 meses.

“É como se fosse um capital de giro, praticamente igual à nossa CPR [Cédula de Produtor Rural], que é a nossa CPR financeira, só que o custo da operação é o dólar. Então tem uma volatilidade que a gente precisa considerar”, afirma Ricardo França, responsável por agronegócios no Santander Brasil.

Outra possibilidade para o setor agrícola é por meio da modalidade de adiantamento de contratos de câmbio (ACC), em que o exportador recebe antecipadamente a receita pelo produto vendido no exterior. Além disso, o crédito verde tende a ser uma solução para o setor.