Fogo é inimigo do agricultor, diz Blairo Maggi
Para o ex-ministro da Agricultura e Pecuária é preciso deixar claro que o fogo também prejudica o agronegócio
Blairo Maggi, ex-ministro da Agricultura e Pecuária, afirmou recentemente que o fogo é considerado um “inimigo mortal” do agricultor brasileiro. Para ele, é mais que necessário que a população tenha a percepção de que o agronegócio também é afetado pelos incêndios que afetam o país.
A declaração surgiu em entrevista à CNN, o ex-ministro fez questão de falar sobre os impactos das queimadas para o agronegócio. “A reclamação que existe da sociedade brasileira pela qualidade do ar, pela perda da biodiversidade e da fauna, é a mesma reclamação que nós agricultores fazemos”, disparou.
Para ele, o setor agrícola é tão vítima das queimadas quanto toda a sociedade. “São muitos os impactos negativos das queimadas”, afirmou.
Ele lembrou que o fogo é capaz de destruir também o solo. “A terra é preparada durante anos para a plantação, com o uso de fertilizantes e técnicas de manejo, e as queimadas destroem todo esse trabalho”, disse. “O fogo não é um amigo do agricultor, ele é um inimigo, e deve continuar a ser visto dessa forma”, completou.
Maggi falou ainda sobre o compromisso do setor de agronegócio com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, e o quanto isso impacta diretamente no resultado da produção.
As queimadas e demais inimigos dos agricultores
Para o ex-ministro, combater as queimadas ainda é um grande desafio para o governo brasileiro e os agricultores. Os desmatamentos já são tratados como quesitos para a exportação de carnes, por exemplo. A União Europeia tem regras rígidas sobre a origem e a rastreabilidade da carne brasileira, de modo que, caso seja identificado que a produção tem origem em uma área de desmatamento, o exportador é penalizado, inclusive com a quebra de contrato.
No caso do Brasil, tendo passado por um grande período de seca, o ex-ministro apontou a dificuldade de combater os incêndios. “Lutar contra os incêndios que vêm ocorrendo depois de um período tão seco que nós temos é praticamente impossível”, afirmou.
O tema também foi discutido durante o World Agri-Tech South America 2024. O evento apresentou a discussão de especialistas do setor sobre áreas de desmatamento e alternativas sustentáveis para o uso da terra.
Para Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF Brasil, trata-se de uma questão global, com sérios reflexos sobre o planeta. “A taxa de desmatamento ainda é bastante alta. Estamos prestes a ter um dos maiores registros de seca, e isso tem a ver com a conversão das leis dos ecossistemas naturais. Portanto, acho fundamental que comecemos a reconhecer que isso é algo que está realmente se tornando um problema global”, declarou.