G20: Brasil defende agro sustentável para atrair investimentos
Encontro oficial do G20 acontece em novembro, no Rio de Janeiro, e uma das pautas de destaque é a segurança alimentar, baseada na agropecuária sustentável
O agro sustentável é uma das grandes apostas do Brasil e os novos planos do país, para atrair investimentos ao setor, devem ser apresentados aos chefes de Estado durante o G20. O encontro oficial acontece em novembro, no Rio de Janeiro, e a justificativa está em torno da segurança alimentar, o respeito às culturas e o incentivo à sustentabilidade.
O objetivo é abrir espaço para que os modelos de produção e de negócio que interessam ao Brasil sejam avaliados com cuidado, evitando tentativas, por parte de alguns países, de criar barreiras protecionistas com a sustentabilidade como pretexto, segundo declarações de especialistas do setor e do governo ao Infomoney.
Para Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), as atividades do Grupo de Trabalho do agronegócio brasileiro estão em vias de finalização. Uma última reunião envolvendo os ministros da agricultura de todos os países participantes do G20 acontecerá em setembro, no Mato Grosso. Dela, deve sair uma carta oficial apontando a importância do agro sustentável e dos novos investimentos no setor para um reposicionamento global.
“Desta vez, será lida uma declaração ministerial no encontro de chefes de Estado, com posicionamentos dos países sobre os temas propostos. O principal viés será o reconhecimento das diversas formas de produção sustentáveis ao redor do mundo”, apontou o secretário do MAPA.
Brasil defende agro sustentável
Apesar da nova declaração não ter a força de acordo comercial, ela abre a discussão para novos entendimentos. Segundo Perosa, trata-se de uma tentativa de aumentar o apoio financeiro para os produtores do setor, uma vez que os países que fazem parte do G20 estão envolvidos diretamente na causa.
Ele explica que a posição do G20 respeita as mais diversas formas de produção, independentemente da região, o que “fortalece a percepção de que a sustentabilidade da produção brasileira diminui as distorções internacionais e amplia o funding, com suporte tanto para agricultores familiares quanto para resolver questões comerciais mais amplas”, justificou.
Para Larissa Wachholz, sócia da Vallya Participações e Senior Fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o Brasil conseguiu imprimir sua versão sobre agricultura tropical relacionada à diferentes climas temperados.
“Existe uma confusão global que mistura temas de sustentabilidade e, apesar de toda a sua legitimidade, acaba se transformando em instrumento de protecionismo”, declarou a especialista, ao afirmar, ainda, que o Brasil tem condições de expandir o modelo agro de baixo carbono, desde que tenha o devido apoio. Segundo ela, existe uma grande possibilidade de o Brasil se tornar referência em exportação de produtos do agro de baixo carbono para o mercado global.
O agronegócio e os impactos no PIB
Larissa ressaltou o fato de o Brasil ter conseguido relacionar a agenda do agro com a energética. Exemplo disso, segundo ela, são os produtos da geração de energia renovável, como fertilizantes nitrogenados e combustíveis renováveis para a aviação e setor marítimo. “Podemos estimular os investimentos diretos para atrair essas indústrias e, com isso, reverter o processo de desindustrialização“, justificou.