Goiás aposta em microalgas para resiliência da produção agrícola
Pesquisador avalia que além de tornar a plantação mais resistente aos eventos climáticos extremos, a solução beneficia a produtividade
Goiás tem se consolidado como referência nacional na adoção de práticas agrícolas sustentáveis e inovadoras, como o uso de microalgas como insumo agrícola. A solução se torna ainda mais relevante para o produtor à medida que aumenta a resistência das plantas aos efeitos das mudanças climáticas, como estiagem e altas temperaturas. Atualmente, a única fábrica especializada nesse processo do Brasil está localizada em Jataí, no sudoeste goiano.
Para que possam ser utilizadas, as microalgas passam por um processo rigoroso de qualidade que envolve o isolamento, seleção e purificação da cepa. Logo após, é feita a classificação e a multiplicação em diferentes estágios, até que sejam alcançadas grandes concentrações, como noticiou a matéria da Band com o pesquisador e fundador da Biotecland, Túlio Moreira.
“O uso de microalgas aumenta a quantidade de microrganismos benéficos no solo, aumenta o enraizamento das plantas, bem como o seu desenvolvimento vegetal. Com isso, a gente observa uma maior tolerância das plantas ao estresse por falta de chuva ou por altas altas temperaturas”, detalhou Moreira.
Microalgas e o aumento da produtividade

As vantagens do uso de microalgas também são financeiras. Por meio da fotossíntese, essas algas sequestram carbono da atmosfera e o fixam no solo. Sendo assim, contribuem para o desenvolvimento vegetal. O impacto, segundo o pesquisador, já é observado por produtores, especialmente em culturas como a soja, que registram um crescimento em produtividade de aproximadamente 10%.
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“Quando tem uma raíz melhor, o vegetal consegue absorver os nutrientes forma mais eficiente. Além disso, os efeitos dos fertilizantes são potencializados, o que gera benefícios diretos”, explica o especialista.
Eventos climáticos extremos interferem na produção
Dados do Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, da Fiocruz, revelam um salto no número de registros de eventos climáticos extremos de 2.962 para 6.772 no período de 2020 a 2023. Por isso, a resiliência dos vegetais se constitui como um fator decisivo para a competitividade e manutenção da produção agrícola.