rotulo de bem-estar animal

Governo alemão propõe rótulo de bem-estar animal

Certificação pode ser obrigatória e visa transparência ao processo produtivo, além de dar maior poder ao consumidor

Redação

em 27 de julho de 2022


O governo da Alemanha apresentou uma proposta para criar um selo que atestaria como os animais foram criados até seu abate. A certificação, que seria obrigatória, tem como objetivo conferir mais transparência ao processo produtivo de alimentos de origem animal, além de dar maior poder ao consumidor. A Alemanha já conta com iniciativas que rotulam produtos de carne fresca, mas seria a primeira vez que um selo seria obrigatório por lei.

O plano apresentado pelo Ministério da Nutrição e Agricultura da Alemanha é baseado em quatro princípios: rótulo obrigatório que especifica sob quais condições os animais foram criados; reforma dos ambientes de criação dos animais, com financiamento público para tal; ajuste nas leis de construção e licenciamento dos ambientes; e melhores regras na lei de bem-estar animal.

O primeiro produto a contar com o selo seria a carne suína vendida por supermercados, online ou diretamente dos produtores rurais. Restaurantes e atacadistas ficam de fora neste primeiro momento. No rótulo do produto, deverá estar indicado quais dos cinco métodos de criação foi utilizado: curral, curral com espaço extra, curral ao ar livre, livre em terreno aberto e orgânico.

Lei não é o bastante

Bernhard Krüsken, secretário-geral da Associação de Agricultores Alemães, é a favor do projeto, mas aponta problemas na lei. Em entrevista à Deutsche Welle, ele diz que o texto não inclui uma data em que a rotulagem obrigatória da carne suína entraria em vigor e nem mesmo quando outros tipos de proteína animal vão ter que fazer o mesmo.

Como restaurantes e atacados ficam de fora, Krüsken acredita que isso não é o bastante para solucionar o problema e será apenas uma “solução de nicho”. “É importante rotular os produtos para os consumidores com o objetivo de defender padrões mais altos e criar uma mudança no seu comportamento, mas é preciso fazer isso de forma geral. A forma como o projeto de lei foi redigido está incompleta”, afirmou.

A Foodwatch, organização alemã de consumidores, também acredita que o selo não fará diferença e que é apenas uma medida de marketing. Para a representante da organização, Annemarie Botzki, ter um estábulo um pouco maior não significa que o animal seja mais saudável. “Eles ainda são forçados a ter um desempenho extremamente alto que muitas vezes os deixa doentes”, afirmou.

Para a Foodwatch e outras ONGs, o melhor seria realizar exames médicos regulares nas fazendas. Os abatedouros já coletam e monitoram dados sobre o estado em que os animais estavam quando são entregues a eles, para saber qual fazendeiro entrega animais saudáveis e qual fazendeiro não entrega. Mas a intenção, no momento, é apenas garantir se a carne é comestível.