Entenda como o grupo Barbour vai ampliar criação sem aumentar pasto no MT

Fazenda Jauquara, do Grupo Barbour, pode dobrar volume de criação de gado de corte com investimentos em melhoria genética, alimentação e outros

Redação

em 7 de julho de 2022


A Fazenda Jauquara é a maior de um grupo de sete fazendas do grupo Barbour, com sede no Mato Grosso. Atualmente, mais de 25 mil cabeças de gados zebus são criados por ano para corte, em uma área de 31 mil hectares. Todos os animais são destinados à cadeia de abastecimento da Marfrig e, num futuro próximo, a contribuição da Fazenda Jauquara para esse ciclo deve ser ainda maior.

Com investimentos em tecnologia, melhoria genética, bem-estar animal e sustentabilidade, a propriedade pretende ampliar – com possibilidade de dobrar – a produção de animais de corte por ano, sem aumento da área de pastagem.

O projeto parece ambicioso, mas é calcado em várias frentes, como explica Renê Barbour, diretor do grupo empresarial que conduz junto com duas irmãs. “Tudo está baseado em melhoria genética, manejo e bons tratos dos animais”, resume ele.

Os bezerros chegam a Jauquara após o desmame e pastam até alcançar peso suficiente (cerca de 400 kg) para o confinamento de engorda. Nesse meio tempo, eles giram por pastos estrategicamente separados, a fim de aproveitar a melhor vegetação (capim) em cada. Eles também passam por curral antiestresse, avaliações veterinárias periódicas e são rastreados por brincos. 

Os pastos são geridos em multiculturas agrícolas, o que lhes confere boa recomposição das características nutritivas. “Inclusive, usamos os dejetos dos animais para compostagem e fertilização da pastagem, o que é favorável ao meio ambiente e também à qualidade nutritiva do solo e, consequentemente, dos animais. Fazemos esse processo sempre respeitando as boas práticas como análise das características do solo e distância segura dos fios d’água (rios, açudes, nascentes, etc.)”, diz.

Os animais da Fazenda Jauquara são criados por cerca de 30 meses e ficam na última etapa de engorda por cerca de 90 dias, até que os machos alcançam a casa dos 600 kg e seguem para o abate. “A fase de engorda é crucial para a produtividade na criação de bovinos. Atualmente, já fazemos uma oferta farta de alimentos (ração e pastagem), mas o planejamento é ampliar ainda mais essa qualidade, visando sempre a precocidade e a qualidade do corte. É por isso que um dos nossos principais investimentos em andamento é a construção de uma fábrica própria de ração”, revela Renê.

Vale explicar que a precocidade é um fundamento sustentável importante, pois, quanto menos tempo o bovino demora para chegar ao ponto de abate, menos ele rumina e emite gás metano nesse processo natural.

Fábrica de ração

A fábrica de ração da Fazenda Jauquara é composta por dois silos de milho com capacidade de estocar 50 mil sacas cada. Dentro do galpão de produção, há quatro silos, de 15 toneladas cada, destinados a armazenar os demais componentes usados na fabricação da ração, como DDG, casquinha de soja, caroço de algodão e sais minerais. “Com essa nova estrutura, temos capacidade de produzir mais de 200 mil toneladas de ração por ano, o que é suficiente para alimentar mais de 50 mil bovinos, mesmo visando a precocidade, no período”, detalha o fazendeiro.

A produção da ração conta com uma usina de mistura e dosagem automatizada, na qual os computadores indicam a quantidade de componentes a serem adicionados por lotes. 

Também no galpão há baias de estocagem de cada insumo, e eles são movimentados por um manipulador telescópico, fabricado pela marca inglesa JCB. “Até esse equipamento é um investimento diferenciado, pois, devido à altura da usina, não era possível utilizar as pás carregadeiras que tradicionalmente se usam nos pátios”, explica Renê.

Outros avanços

A maior oferta de alimentos também envolve táticas de espaçamento maior entre animais no acesso aos cochos. Segundo Renê, o padrão de criação é de 30 cm de espaçamento, mas a Fazenda Jauquara atua com mais 50 cm, permitindo que os animais se alimentem mais e com mais conforto.

Além da frente de alimentação, Renê e sua equipe atuam em melhorias genéticas para elevar a precocidade dos animais. Uma delas é voltada ao cruzamento de raças, buscando formar animais cada vez mais adaptáveis às condições climáticas da região mato-grossense de Barra do Bugres, onde fica o empreendimento. “Para o clima da região, os zebus, de descendência indiana, são os animais mais adaptáveis. Porém, trabalhamos no cruzamento deles com aberdeen angus, de origem europeia e cujas técnicas de melhoria genética ocorrem há séculos”, diz

Os bezerros comprados pela Fazenda Jauquara também são de origem pré-selecionada, de acordo com a árvore genealógica e o acompanhamento de inseminação. Com isso e as demais evoluções detalhadas por Renê, a intenção é chegar aos 24 meses ou menos de tempo de criação por cabeça, otimizando tempo de animal no pasto e reduzindo a emissão de gás metano na cadeia de produção. “Dessa forma, continuaremos mantendo as Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Áreas de Reserva Legal (ARLs) para continuar auxiliando na captura de gases de efeito estufa e mantendo a biodiversidade do Cerrado”, conclui o empresário.