IA e pecuária de precisão podem transformar o futuro do agro?
Sabe-se que a pecuária de precisão pode aumentar a produtividade, reduzir o impacto ambiental e propiciar bem-estar animal, justamente o que mercado global espera
De acordo com a Boehringer Ingelheim, a pecuária de precisão, juntamente com a inteligência artificial, estão transformando o agronegócio. Graças aos serviços integrados de gestão de saúde, um criador de porcos, por exemplo, já consegue acessar via smartphone e em tempo real os dados dos animais, como consumo de ração e água, níveis de atividade incomuns, entre outros. O agricultor, por sua vez, pode verificar os dados coletados e processados e analisar a melhor forma de seguir com a gestão da produção.
Os serviços integrados de gestão de saúde da Boehringer Ingelheim são uma amostra do quanto a digitalização está avançada no mercado agrícola. E a tendência é de que evolua ainda mais. Segundo a própria empresa, o mercado digital veterinário deverá valer cerca de US$ 4,6 mil milhões até o final deste ano (2024). E ferramentas como sensores, câmeras, microfones e dispositivos móveis devem entrar cada vez mais nesse cenário conectado, no qual a inteligência artificial (IA) é mais uma tecnologia utilizada para o desenvolvimento da indústria e deve transformar, de forma gradativa, a prevenção em previsão.
“O que estamos entregando é um maior apoio na tomada de decisões e na automação, além de transparência de informações para fornecedores e consumidores”, explicou Stephan Lange, diretor global de Suínos. Para ele, a IA no agro poderá mudar a forma de condução das propriedades, que até então trabalhavam com a prevenção e agora poderão atuar pontualmente na previsão de doenças, por exemplo, com precisão. “O melhor disso tudo é a garantia de que os animais permanecerão saudáveis”.
IA e a pecuária de precisão
Um estudo de mercado revelou tendências que estão moldando o novo momento do agronegócio. As explorações agrícolas não apenas estão se expandindo e adotando estratégias para otimização de custos, mas, também, estão cada vez mais influenciadas por questões como sustentabilidade e bem-estar animal.
Além da crescente demanda por proteína animal, há uma preocupação com o impacto ambiental da produção pecuária. O mercado está cada vez mais exigindo a transparência nos processos, a rastreabilidade, além da preocupação com o bem-estar animal, questões que já são consideradas primordiais na definição do futuro da pecuária de precisão. As certificações exigidas para exportações de proteína animal, por exemplo, corroboram com essa tendência do mercado global.
Por isso a inteligência artificial, a coleta de dados e o monitoramento em tempo real estão cada vez mais presentes no agronegócio. Um exemplo que ilustra isso é a iniciativa da Boehringer Ingelheim Animal Health, que está implementando sistemas integrados de gestão de saúde, na tentativa de fornecer identificação e rastreamento inteligentes dos animais, possibilitando o acesso a dados, plataformas de análise e até mecanismos de dosagem inteligentes.
Para Dale Polson, Gerente Técnico Global de Diagnóstico e Monitoramento, a gestão integrada da saúde está incorporada na pecuária de precisão, e é a versão da pecuária da quarta Revolução Industrial. “Trata-se da integração de tecnologias inteligentes, hardware, software e análises ainda mais inteligentes na rotina diária dos negócios de produção de proteína pecuária”, apontou o especialista. Segundo ele, a tecnologia no agro tem o propósito de permitir a melhor tomada de decisão.
Coleta de dados versus eficiência agrícola
Com a entrada da tecnologia no agro, descobriu-se que toda tomada de decisão deve ser baseada em dados confiáveis. Por isso, a tecnologia tem entrado tão rapidamente nas propriedades rurais. Hoje, grande parte delas conectam a gestão à produção, de forma prática e em tempo real.
No caso dos suínos, houve um aumento das tecnologias conectadas nos estábulos e serviços, com novos fluxos de dados que abrangem toda a cadeia de produção. Na prática, isso resulta na identificação de potenciais problemas de saúde, no bem-estar animal, na gestão otimizada dos recursos e na elevação da eficiência tanto em custos quanto em qualidade. Além disso, são ferramentas que agregam transparência aos processos e, nesse sentido, os consumidores têm a possibilidade de conhecer a origem da proteína que consomem.
A coleta de dados traz informações importantes que podem ser agrupadas em três áreas: os dados do celeiro, os dados de saúde e os dados genéticos dos animais.
Dados do celeiro
Com os dados do celeiro, os produtores têm condições de avaliar fatores como alimentação, temperatura e movimentos dos animais.
Dados de saúde
Os dados de saúde estão relacionados ao desenvolvimento dos animais. Ou seja,via monitoramento, coletam-se informações como tosse dos suínos, temperatura corporal e diagnóstico de doenças. Isso permite que o gestor, ao primeiro sinal clínico, detecte a situação para que os veterinários tomem melhores decisões.
Dados genéticos
Com os dados genéticos, se torna possível o mapeamento da origem dos animais, com registros sobre os pais e as fazendas de criação. A ideia é mapear criações anteriores para evitar resultados negativos à produção.
O sistema integrado
Quanto o sistema está integrado, a IA pode analisar os dados e identificar tendências, similaridades, sinais ou informações capazes de facilitar a tomada de decisões. Conhecendo a realidade dos dados, a gestão se torna inteligente e eficiente.
“Isso está se tornando cada vez mais valioso para agricultores e grandes produtores integrados”, observou Justin Gale, Líder Global de Projetos Digitais. Segundo ele, é preciso apoiar o desenvolvimento de celeiros digitalizados. “É fundamental que colaboremos de forma cruzada, unindo forças tanto com os principais participantes na cadeia de valor para aceder aos dados, quanto, também, com novos fornecedores de tecnologia dentro da nossa indústria para trazer soluções inovadoras para o mercado” .