Foto: Breno Lobato/ Embrapa/ Reprodução
ILPF Embrapa
Foto: Breno Lobato/ Embrapa/ Reprodução

ILPF revoluciona a agropecuária brasileira

Diversificação de atividades em uma mesma área traz benefícios ao meio ambiente e vantagens econômicas ao produtor

Redação

em 3 de janeiro de 2025


Um sistema que proporciona o aumento da produtividade, melhoria do solo, sequestro de carbono, entre outros benefícios. Assim é reconhecida a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A prática vem sendo difundida com excelência no Brasil, apontando resultados positivos em uma forte estratégia de produção do agronegócio.

Marina Lima, zootecnista e técnica de sementes e sustentabilidade da Soesp (Sementes Oeste Paulista), acredita que o sucesso da implantação da ILPF começa com um planejamento que deve seguir padrões rigorosos. “O primeiro passo é fazer um levantamento completo da área, analisando as características do solo, o clima da região onde se pretende implantar o sistema e a vocação da fazenda”.

O passo seguinte é fazer a escolha dos componentes que se adaptam à propriedade, observando como e quando serão feitos os plantios e as colheitas. “Não existe uma receita única, cada propriedade tem suas particularidades e o modelo precisa ser ajustado para essas condições”, explicou Lima.

ILPF no agro brasileiro

ILPF
Foto: Gabriel Rezende Faria/ Embrapa/ Reprodução

O ILPF permite a produção múltipla numa mesma área e potencializa os recursos e a produtividade. Por exemplo, a lavoura enriquece o solo com matéria orgânica e nutrientes, beneficiando as pastagens e, consequentemente, a pecuária.

“A floresta, por exemplo, além de gerar uma renda futura com a venda de madeira para o mercado, proporciona sombra e conforto térmico para os animais, aumentando o tempo de pastejo e reduzindo o consumo de água”, pondera a zootecnista. Segundo a Embrapa Pecuária Sudeste, os animais mantidos no sistema de ILPF reduzem cerca de 23% a procura por bebedouros quando comparado aos animais mantidos em pastos sem áreas de sombra.

O sistema ILPF no agro brasileiro também auxilia na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas, ao proporcionar melhor conservação do solo e redução das emissões de gases de efeito estufa, via sequestro de carbono.  

A Embrapa Agrossilvipastoril realizou um estudo sobre o sistema ILPF no qual revela que, em quatro anos, os sistemas integrados com árvores podem sequestrar de 15,9 a 20,4 Mg CO2eq/ha/ano. A pastagem dos animais nos sistemas integrados também contribuiu para o maior sequestro de carbono no solo. 

O solo, em períodos de seca é beneficiado com a cobertura das áreas com forragem. “A ILPF, além de conservar o solo, reduz a temperatura com a palhada das forrageiras, descompacta e aumenta a infiltração e retenção de água pelas raízes das plantas”, apontou Lima.

Vantagens e desafios 

A prática do ILPF caiu no gosto também dos consumidores do agronegócio, que estão cada vez mais atentos à sustentabilidade e preferem comprar produtos de empresas que sejam certificadas nessa linha.

Apesar dos pontos positivos, um dos desafios do sistema ILPF é a exigência de capacitação contínua do produtor, assim como o monitoramento constante das espécies e dos solos. Para isso, há tecnologias que contribuem para o monitoramento da área, como drones, sensores e softwares de gestão agrícola .

Por fim, políticas públicas e programas de incentivo, como o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), subsidiam iniciativas sustentáveis e a expansão da ILPF.