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Combate à fome retrocede 15 anos, aponta relatório da ONU

Uma em cada onze pessoas enfrenta situação de insegurança alimentar, causando níveis globais de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009

Redação

em 6 de setembro de 2024


O mais recente relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI)”, divulgado pela ONU anualmente, aponta que 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023. Isso significa que uma em cada 11 pessoas no mundo não tiveram o que comer. O relatório mostra que o planeta retrocedeu 15 anos, apresentando níveis de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009.

As tendências regionais variam significativamente, sendo que a fome aumentou na Ásia Ocidental, no Caribe e na maioria das sub-regiões africanas. Enquanto 20,4% da população africana passa fome – número que está aumentando – a Ásia como um todo mostra estabilidade, com 8,1% de sua população sem ter o que comer. O desafio está em alimentar o continente mais populoso do mundo, que abriga metade das pessoas que passam fome no planeta.

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Os dados sobre acesso a alimentos adequados são ainda mais alarmantes. Ao menos 2,33 bilhões de indivíduos no mundo enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave em 2023, ainda mantendo os níveis alcançados durante a pandemia de covid-19, em 2020. Se as tendências atuais continuarem, cerca de 582 milhões de pessoas estarão cronicamente subnutridas em 2030, metade delas na África.

Como reverter a situação

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Em artigo, Valter Casarin, coordenador geral e científico da Nutrientes Para a Vida, alerta que o mundo não está no caminho para alcançar o objetivo de Fome Zero até 2030. Atrasando a corrida, estão os conflitos armados globais, o impacto dos choques econômicos e os efeitos dos fenômenos meteorológicos extremos. A informação é do site Agrolink.

Casarin, que é Doutor em Ciência do Solo, defende que a solução está no investimento nacional e internacional para transformar os sistemas alimentares e impulsionar o desenvolvimento agrícola e rural. Parte desse investimento precisa ser direcionado para fertilizantes, tendo em vista que várias regiões pelo mundo apresentam solos de baixa fertilidade.

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A intenção é aumentar a capacidade de fornecimento de nutrientes para desenvolvimento de culturas. Ele argumenta que o uso de fertilizante tem contribuído em 50% na produção mundial de alimentos.

Junto a isso, também será preciso aumentar a ajuda humanitária em grande escala, nas regiões onde as populações mais necessitam. A paz também deve ser parte integrante da transformação a longo prazo dos sistemas alimentares.