Monitoramento remoto impulsiona a pecuária de precisão no Brasil
Sensores instalados no canal auditivo dos animais permitem o acompanhamento da temperatura corporal de forma remota
Uma inovação tecnológica promete transformar a forma como os pecuaristas fazem o monitoramento da saúde de seus rebanhos. Desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), um sistema inédito monitora de forma remota a temperatura corporal de bovinos.
De acordo com a reportagem do Canal Rural, o monitoramento é feito por meio de sensores instalados no canal auditivo dos animais, fornecendo dados precisos e minimizando o estresse no manejo do gado. A tecnologia representa um avanço significativo em relação aos métodos tradicionais, que podem ser invasivos e onerosos.
Na prática, o sistema utiliza uma base transceptora (que pode estar a até 25 km de distância). Conectada à internet, ela faz o envio de dados em tempo real para um servidor e emite alertas sobre febre, estresse térmico e outros problemas.

Segundo Pedro Paulo Pires, pesquisador da Embrapa, a tecnologia representa um marco na pecuária de precisão, permitindo o envio de dados em tempo real para um servidor e alertando os produtores sobre possíveis problemas de saúde em seus animais, como febre e estresse térmico, além de fazer a identificação de cio e o monitoramento de partos, o que contribui para a eficiência no manejo.
Pires afirma que este é um dispositivo especialmente relevante para as regiões livres de febre aftosa sem vacinação, em que há maior demanda por monitoramento, visto o risco de disseminação de doenças.
Sustentabilidade no monitoramento da pecuária
Além da precisão e do bem-estar animal, o sistema se destaca pela sustentabilidade, uma vez que é alimentado por energia solar. O dispositivo dispensa o uso de baterias, garantindo maior durabilidade e reduzindo a necessidade de manutenção.
Para Fábio Iaione, professor da UFMS, a integração de conhecimentos de diferentes áreas, como zootecnia, veterinária, engenharia e computação foi essencial para o desenvolvimento do sistema.
Espera-se que a ferramenta contribua para melhorar a rastreabilidade da carne bovina, atendendo às crescentes exigências de segurança alimentar e barreiras sanitárias, impulsionando a competitividade da pecuária brasileira.
A tecnologia já teve sua patente depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), garantindo a exclusividade aos inventores e agregando valor à inovação. Para Dayanna Schiavi, analista da Embrapa, garantir a patente é importante para a negociação e disseminação da tecnologia no mercado. Com essa iniciativa, “o Brasil dá um passo significativo na pecuária de precisão, contribuindo para a sustentabilidade e competitividade do setor”.