Rattan Lal (Foto: Audiovisual/G20)
agricultura responsavel
Rattan Lal (Foto: Audiovisual/G20)

Nobel da Paz defende agricultura responsável 

Cientista do solo, Rattan Lal elogiou agronegócio brasileiro e fez alerta para o uso de recursos naturais com responsabilidade

Redação

em 1 de agosto de 2024


O cientista do solo Rattan Lal ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007 pela sua pesquisa relacionada à saúde do solo e pelo ativismo por uma agricultura racional. Em entrevista ao site G20 Brasil, ele elogiou a produtividade do agronegócio brasileiro, mas defendeu a necessidade de restaurar os recursos naturais.

Segundo ele, uma perda de 5% a 10% da produtividade deve ser aceitável em prol da recuperação dos recursos naturais e de uma menor emissão de gases de efeito estufa (GEE). Como argumento contra uma possível escassez de alimentos, ele lembra que um terço dos grãos produzidos, volume que alcança 1 bilhão de toneladas, são desperdiçados e não chegam a alimentar pessoas ou animais.

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Para Rattan Lal, o ideal é otimizar a produtividade para fazer mais com menos, sem deixar de proteger o solo e a água, e focar na capacidade de sequestro de carbono. Medidas como essas são importantes porque os sistemas de produção de alimentos respondem por cerca de um terço das emissões globais de GEE.

Lal também critica a monocultura e afirma que há opções por sistemas agroflorestais e silvipastoris, além de citar uma série de tecnologias agrícolas que podem trazer melhor retorno para os produtores, como a agricultura de conservação, o retorno de resíduos das culturas à terra, a melhoria da eficiência do uso de fertilizantes e a integração de culturas com árvores e gado.

Mercado de carbono precisa ser valorizado

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Essas iniciativas não devem trazer prejuízos para os produtores. Rattan Lal entende que a captura de carbono é uma mercadoria e que os agricultores precisam receber por produzirem menos em prol do meio ambiente. O valor a receber deveria ser de US$ 50 por crédito de carbono (um crédito equivale a uma tonelada cúbica de CO₂) por hectare de sua produção.

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Ele diz que o mercado de carbono, hoje, é desvalorizado, e por isso não atrai produtores rurais. Segundo Lal, a Chicago Climate Exchange precificou cada crédito de carbono em US$ 1 em 2000 e, após altas e quedas, esse valor está ainda mais baixo, atualmente. Por isso, o cientista afirma que, para o agronegócio, o valor social do carbono deveria ser levado em conta se o objetivo global for eliminar a fome sem agredir ainda mais o meio ambiente.