NotCo torna produtos alimentícios mais “verdes”, por meio de IA
Antes uma empresa para produzir alimentos à base de plantas, a NotCo opera agora como facilitadora desse processo, por meio da plataforma de IA Giuseppe
A foodtech chilena NotCo expande sua atuação no mercado alimentício à base de plantas por meio de uma joint venture com a Kraft Heinz e com a comercialização da tecnologia patenteada de IA para o desenvolvimento de novos produtos. A partir da experiência com a The Kraft Heinz Not Company, a startup, considerada a mais inovadora da América Latina em 2021 pela Fast Company, começou o processo de migração para uma empresa de tecnologia.
Para o Estadão, o co-fundador da NotCo, Matías Muchnick, afirmou que a criação de um produto na Kraft Heinz escalou de tal maneira que, ao invés de elaborar um produto em três anos, a empresa utiliza, agora, a metade do tempo para produzir oito vezes mais. Assim, a organização considerou que o modelo de negócio mais lucrativo seria vender software como serviço.
A plataforma disponibilizada pela empresa, chamada Giuseppe, combina, a partir de inteligência artificial, mais de 2 mil ingredientes cadastrados. O processo, segundo o próprio site do NotCo, começa com o pedido para o Giuseppe combinar uma receita à base de planta com a de um produto de origem animal. Após uma análise em nível molecular, ele tenta replicar o produto em sabor, textura, nutrição e funcionalidade. Por se tratar de IA, especialistas experimentam as receitas e dão feedbacks para a tecnologia, a fim de torná-la mais potente e receber um resultado mais satisfatório. Só após a aprovação dessa fase que os produtos são considerados finais e comercializados.
Com uma indústria cada vez mais interessada nas opções “mais verdes”, que chama a atenção de pessoas como os fundadores do Twitter e Airbnb e de esportistas como Roger Federer e Lewis Hamilton, a empresa lança no mercado produtos como NotMayo, NotMilk, NotCreme de Leite e NotShakeProtein.
Agenda ambiental
Uma das premissas da startup é o impacto ambiental que os métodos tradicionais de produtos de origem animal desencadeiam. A solução da empresa, segundo eles próprios, é tirar os animais da equação. Como consequência dessa remoção, argumentam que avançam em redução do consumo de água, diminuição da pegada de carbono, pressão sobre o espaço de terra e desmatamento.
Em um formato interativo, a NotCo informa que a redução nos níveis de água utilizados e de emissões de CO2 gerados nos produtos, quando comparados a itens similares de origem animal, correspondem, respectivamente a 83% e 80% (NotMayo); 73% e 74% (NotMilk); 96 e 26% (NotCreme de Leite); 64 e 85% (NotShakeProtein).
A iniciativa acompanha outras formas de garantir o bem-estar dos animais ao longo do processo produtivo, como a “carne de impressora 3D”, produzida em laboratórios, a partir de células animais organizadas em estruturas tridimensionais. Essa técnica, conforme explica a matéria do Prato do Amanhã, surge como uma oportunidade em tempos de mudanças climáticas e as inúmeras preocupações com o meio ambiente.