smart farming

O que é smart farming?

Entenda como a tecnologia está alterando o cenário da agricultura

Redação

em 15 de julho de 2024


A adoção de novas tecnologias nas operações agrícolas, orientada por dados para não só otimizar, mas também para melhorar a sustentabilidade na produção, é o que está sendo chamado de smart farming, ou, na tradução, agricultura inteligente. Ela envolve diversas tecnologias, como inteligência artificial (IA),  automação e a Internet das Coisas (IoT).

Na prática, estamos vivenciando a transformação digital do setor agropecuário. A atividade, que é considerada uma das mais antigas do mundo, é também essencial para a sobrevivência da humanidade, uma vez que é responsável por boa parte da produção de alimentos. 

Mas, afinal, por que toda essa renovação no setor? A primeira resposta é a mais simples: à medida que a população cresce, a demanda por alimentos cresce na mesma proporção. Por outro lado, o setor enfrenta a escassez de recursos, especialmente os naturais, além das mudanças climáticas, que estão acentuando os quadros e o risco de insegurança alimentar.

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Segundo noticiado pelo The Guardian, a Organização das Nações Unidas (ONU) acredita que os agricultores devem produzir cerca de 70% mais alimentos até 2050 para atender à demanda da população (que deve atingir a marca de 9 bilhões de pessoas). 

A organização fez a primeira avaliação global do estado dos recursos terrestres do planeta e os resultados foram surpreendentes. Pelo menos um quarto das terras agrícolas estão altamente degradadas, o que aponta a urgência na adoção de práticas mais sustentáveis para garantir o uso de recursos sem prejuízos. 

Smart farming e a sustentabilidade do setor

sustentabilidade no setor

De acordo com o relatório da ONU e o apontamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o setor agrícola global terá que investir massivamente em práticas mais sustentáveis. Evitar o desperdício de água está entre as sinalizações da FAO para melhorar a produtividade agrícola. 

Outro ponto importante ressaltado no relatório está relacionado às mudanças climáticas, que, somadas às práticas agrícolas precárias, contribuíram efetivamente para a redução da produtividade das terras agrícolas. A questão hídrica também é mencionada no documento, que diz que “a água ao redor do mundo está se tornando cada vez mais escassa e salinizada, enquanto as águas subterrâneas estão se tornando mais poluídas pelo escoamento agrícola e de outras toxinas”.

Em suma, a adoção de práticas mais sustentáveis no agronegócio é urgente, mas o setor vem atendendo à demanda global. 

De acordo com a Totvs, conciliar a gestão agrícola à novas tecnologias de dados, por exemplo, faz parte da tentativa para otimizar o uso de sistemas e a volatilidade da agricultura. “Trazer o big data para as fazendas aumenta a visibilidade dos produtores sobre os processos de plantação, cultivo e colheita”. Segundo eles, a agricultura depende desse tipo de informação para otimizar processos, aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, cuidar do meio ambiente. “O papel das novas agrotecnologias é, portanto, preencher esse gap com informações precisas e influenciar na totalidade dos resultados agrícolas”.

O conceito e a prática do smart farming está englobado no novo momento da agricultura, que inclui a Agricultura 5.0 e agricultura de precisão. Investir em smart farming é considerado um caminho sem volta para o setor. Trata-se da modernização de processos e da otimização da gestão do agronegócio.

Cenário global

O cenário global previsto pela ONU para 2050 é preocupante e representa um desafio para o setor agrícola. A indústria de alimentos ainda é responsável por 30% do consumo energético mundial e de 22% das emissões dos gases de efeito estufa. Portanto, o desafio não é só produzir mais alimentos, mas fazê-lo de forma sustentável para que os impactos ao meio ambiente também sejam menores.

A tendência é de que a implantação de smart farming aumente gradativamente com o passar dos anos. A proposta é basicamente aumentar a produção, inclusive em qualidade, para que se aproveite melhor os recursos disponíveis. 

E, neste cenário, está cada vez mais comum encontrar drones, o uso significativo de inteligência artificial e robôs operando nas plantações mundo afora. A inovação tecnológica chegou ao agronegócio e vem apresentando resultados significativos para o setor. Apostar na agricultura inteligente é uma das formas de otimizar a produção sem esgotar os recursos da natureza. 

Recentemente noticiamos algumas iniciativas voltadas para a melhoria da produtividade no agronegócio, que têm a tecnologia como componente principal. Alguns exemplos são os aplicativos que organizam a gestão de fazendas, o uso de drones para avaliar pastagens e cercas, sensores que auxiliam na indústria do leite, startups que usam câmeras 3D para a pesagem do gado, monitoramento do rebanho em tempo real, entre tantas outras. 

Quando se opta pela automatização dos processos no agronegócio, os resultados são factíveis. A automação da semeadura, por exemplo, permite o melhor manejo e, por consequência, se atua pontualmente no tratamento (quando necessário) e se faz a colheita no momento certo. Isso reduz consideravelmente o consumo de recursos, como a água e outros insumos.

O papel da Internet das Coisas na smart farming

internet das coisas

O uso de IoT na agricultura fará a conexão entre um sistema de objetos físicos à sensores, softwares e tecnologias, utilizando redes de transmissão com a 5G. Quando a internet das coisas é utilizada na agricultura, os resultados são bem pontuais, uma vez que a tecnologia pode resultar no sensoriamento inteligente, ter conectividade ampliada com o 5G, prover a implantação de software de gestão de dispositivos inteligentes, além de poder ser usada também via tratores e equipamentos robóticos e autônomos, em sistemas de armazenamento, processamento e análise de dados, dentre outras possibilidades.

Nesse sentido, os sensores, as máquinas e demais equipamentos tecnológicos compartilham informações essenciais para a gestão do agronegócio. É como se fosse um espelho de informações. Com IoT no campo, as informações são enviadas para a sede administrativa, o que possibilita aos gestores a tomada de decisões baseadas nessas informações. Como resultado, a produção fica mais “redonda”, ou seja, com a devida informação sobre o desempenho da área. O produtor passa a saber qual o melhor momento para plantar e colher, faz a detecção de possíveis pragas ou doenças, obtém dados que permitem maior precisão na tomada de decisão, evita desperdício de recursos, inclusive de equipes e frentes de trabalho, otimiza a gestão financeira por hectare, entre outras vantagens. 

Além disso, outro fator que vem alterando o cenário global da agricultura é a entrada de veículos autônomos no campo. Até pouco tempo, era inimaginável encontrar semeadores e colheitadeiras operando sem um motorista. Atualmente, eles operam de forma automatizada, seguindo comandos pré-definidos pelo sistema, com base nos dados coletados. Ou seja, quando se fala em IoT para o agronegócio, a palavra em mente é conexão. Tudo está conectado e os resultados dessa conexão trazem eficiência e produtividade.

Satélites

Na década de 1990, o agronegócio foi revolucionado com a chegada dos sistemas de posicionamento global (GPS) baseados em satélite. A criação de um sistema de monitoramento digital de rendimento de safra foi altamente disruptiva para a época. Hoje em dia, é inimaginável a operação da agricultura sem o uso de GPS. 

As imagens via satélites também fazem parte da agricultura inteligente, uma vez que servem como apoio para avaliação das áreas. Geralmente, elas são manipuladas por inteligência artificial, o que permite a análise de um grande volume de dados e materiais em um curto espaço de tempo, novamente otimizando a tomada de decisões sobre as plantações e áreas.  

Em maioria, as imagens de satélite são utilizadas para monitorar grandes áreas e fazer o comparativo entre elas, sejam de safras passadas com safras atuais, chegando até a influenciar ações sobre o planejamento das futuras plantações. 

O foco está sempre em melhorar o manejo. As imagens de satélites também auxiliam o produtor na checagem da produtividade da sua lavoura. 

Sensores

O uso de sensores nesse novo momento da agricultura é cada vez mais frequente. Eles permitem a otimização da produção via análise de dados. Existem sensores utilizados na produção agrícola que fazem o acompanhamento do desenvolvimento das características do solo e a apresentação de informações sobre umidade, temperatura da terra, umidade do ar, entre outros fatores. 

Ter conhecimento sobre esses dados permite ao produtor ajustar a sua produção e o seu manejo, tornando-o mais inteligente e direcionado para os resultados que se pretende obter na lavoura. 

Os dados revelados por sensores podem, também, definir a velocidade da semeadora ou da colheitadeira, que nas smart farmings operam de forma autônoma. Os veículos que atuam de forma automatizada na lavoura são programados com dados e respondem a comandos preestabelecidos pelo próprio sistema que já coletou e analisou os dados para o melhor desempenho da lavoura. 

Além de otimizar recursos, a agricultura inteligente também deixou para trás o que era denominado “exploração da terra” para dar espaço a um cultivo cada vez mais sustentável, promovendo também ações que resultam na proteção ao meio ambiente. São práticas inovadoras que, na maioria das vezes, aumentam e melhoram os resultados.