Pecuária sustentável tem histórico no Brasil
Dentre as boas práticas está a rastreabilidade, que pode ser conferida até nos supermercados
A produção pecuária brasileira pratica uma série de iniciativas nem sempre conhecidas dos consumidores. Uma delas é a possibilidade de rastrear a oferta de proteína animal, como a suína e a de frango, em toda a cadeia produtiva. No caso da BRF, o processo acontece de ponta a ponta, segundo Fábio Duarte Stumpf, vice-presidente de Agro e Qualidade da empresa.
Palestrante do evento Agro Summit 2024, organizado pelo Estadão, Stumpf explicou que a BRF tem um relacionamento próximo com seus 10 mil integrados e tem controle dos insumos que abastecem as granjas de suínos e aves. O apoio também é presencial e inclui iniciativas como a entrega de aves de um dia de vida, para ficar em um único exemplo.
O relacionamento é facilitado, inclusive, pelo uso de aplicativos que permitem a comunicação e suporte técnico digital para aperfeiçoar a criação. E mesmo para informar a cotação da soja, no caso dos produtores que associam a produção de proteína animal com a agricultura.
Bem-estar animal
O viés tecnológico acontece também no bem-estar animal: em algumas granjas existe a instalação de sensores, que informam, via Internet das Coisas (IoT), o controle do ambiente, de amônia e mesmo da ventilação. Algumas propriedades são tão sofisticadas que podem controlar o volume de vento por metro quadrado de seus aviários. O resultado, de acordo com vice-presidente da BRF, é melhor qualidade, confiança e rastreabilidade da produção.
Stumpf também destacou o trabalho avançado que a empresa tem feito com vários clientes no mundo, comunicando exemplos de bem-estar animal como os citados acima. Esse é o caso do mercado europeu, onde a legislação sobre o tema é rígida. “Precisamos comunicar mais o que fazemos no Brasil, inclusive a agricultura regenerativa e a presença de vários selos de certificação”, argumentou.
O executivo destacou outros pontos de uma agenda positiva da pecuária brasileira. No caso da BRF, a produção de frangos acontece 100% sem antibiótico, exceto quando for necessária a aplicação em função de alguma doença. Outra informação relevante é o controle da reserva legal nas propriedades que atendem a empresa.
“Conhecemos a data e onde qualquer produto foi produzido. Sabemos quando vence a licença ambiental das propriedades dos fornecedores e o status do controle da reserva legal. Esse último dado é monitorado há muitos anos, na suinocultura”, informou o executivo.
Sustentabilidade
A sustentabilidade também foi ilustrada pelo consultor de ESG José Carlos Pedreira de Freitas. De acordo com ele, houve um crescimento de 445% na produção de grãos entre 1990 e 2022, com incremento de apenas 111% na área plantada. E mais: 10 milhões de hectares de florestas foram plantadas no período. Já a recuperação de áreas degradadas, entre 2010 e 2018, correspondeu ao sequestro de 200 milhões de toneladas de CO2e.
Na pecuária, o desempenho também foi positivo, com a redução de 16% da área de pastagem entre 1990 e 2022. Por outro lado, a produtividade foi incrementada em 170% no segmento bovino.