Henrique Schardong (Foto: Reprodução/Senior Sistemas via Flickr)
perspectivas economicas para o agronegocio
Henrique Schardong (Foto: Reprodução/Senior Sistemas via Flickr)

Perspectivas econômicas para o agronegócio no Brasil

"A irrigação é o futuro do Brasil", diz Henrique Schardong, Head de produtos para o agro da BTG Pactual, durante o Brasil Agro Show

Redação

em 16 de novembro de 2023


O mercado do agronegócio, os desafios e oportunidades do setor e perspectivas econômicas para o agro estiveram entre os principais temas do Brasil Agro Show 2023. Henrique Schardong, Head de produtos para o agro do BTG Pactual, falou sobre o mercado do agronegócio, destacando o fato de o Brasil hoje ser líder em proteína no mundo, tanto na produção quanto na negociação.

“Seja bovina, suína ou de frango, qualquer uma das proteínas do Brasil, hoje, corresponde a mais ou menos 30% da exportação global”, afirmou. Dessa forma, com grandes players nacionais na cadeia, o gado brasileiro se tornou o mais competitivo do mundo. Mesmo com alguns pecuaristas apontando a queda na arroba, a dica do head de produtos para o agro do BTG Pactual, é não olhar no curto prazo. “De fato, não está remunerando hoje, mas quando você olha um retrato mais amplo do nosso gado, e compara, por exemplo, aos Estados Unidos, a diferença é gritante”. 

Segundo ele, em níveis de produtividade, no Brasil há 1,3 cabeças de gado por hectare. Nos Estados Unidos esse índice é de 2,6. “A gente tem grande potencial de produtividade. Eu sempre falo: agregar valor é a chave. Como a gente tem aqui muita área, cerca de 24% da área de pastagem hoje no Brasil, é preciso enxergar valor nisso”, apontou.

A China foi citada como exemplo no sentido de ser a maior consumidora e importadora de proteínas. Segundo o especialista, é um país que vai continuar gerando essa demanda, uma vez que eles estão crescendo e a economia também. 

Uma das formas de atender a toda a demanda do mercado é apostando em tecnologia para cuidar do solo, criar novas áreas de pastagens e fazer o manejo sustentável da cadeia produtiva.  

Incentivos para a produtividade no Brasil Agro Show

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Henrique Schardong (Foto: Reprodução/Senior Sistemas via Flickr)

No cenário global, os números da produção de milho também impressionam. “Se fala muito em produzir 200 sacos de milho por hectares, sobre a o acerto do manejo e da tecnologia. A verdade é que o Brasil tem condições de bater qualquer país no mundo, em termos de produtividade. E o melhor, o custo está voltando aos seus níveis normais”, apontou Schardong.

Sobre a produtividade “dentro da porteira”, o head de produtos para o agro acredita na possibilidade de se buscar formas de reduzir o custo fixo, e que isso será possível a partir da gestão do produtor rural. 

“É preciso focar naquilo que se consegue controlar. O preço é algo que não se tem controle, infelizmente. Apesar disso, ele vai trazer oportunidade, em algum momento vai fixar o preço e o produtor rural vai enxergar a rentabilidade que tanto se busca”, disse ele. 

A cadeia de etanol e biodiesel, por exemplo, gera muito valor. “Traz o farelo, o DDG, a proteína. Essa é a principal mudança. Quando se produz soja ou milho, se produz proteína. A questão é que o produtor está transferindo essa produção para alguém fazer. Na minha concepção, o produtor deve gerar essa proteína ‘dentro de casa’. A demanda por alimentos existe e não é pouca”, completou.

Sobre os desafios e oportunidades, o custo do Brasil ainda é alto. Para Schardong, os custos de logística ainda são elevados e atrapalham algumas negociações. “Nos Estados Unidos, por exemplo, tirar soja de uma fazenda e levar até a China, hoje, vai custar mais ou menos 70 dólares por toneladas. Na Argentina, são 78 dólares por tonelada. O Brasil ainda peca com isso. Tem um potencial enorme de redução e eu acho que vai melhorar ainda mais. Mas, acho que o grande ponto aqui é que a gente debate sempre a questão das ferrovias. Para isso, a gente precisa de políticas públicas. A iniciativa privada bate na porta do governo oferecendo consórcios para viabilizar isso, mas não resolve”, apontou. 

Eventos climáticos e as perspectivas econômicas para o agro

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Os eventos climáticos são outro ponto importante a ser considerado. “Estamos sofrendo os reflexos, e todo mundo sabe. O plantio da soja tá atrasado. Acredito que vai ter muita mudança de plantio. O algodão, que era para ser safrinha, acho que vai virar algodão safra. Por consequência, vai ter menos área de soja e de milho. Tem uma região apostando no gergelim e exportando quantidades consideráveis para a China e outros países asiáticos. O produtor precisa pensar em coisas diferentes mesmo, fora da caixa”. 

Para Schardong, mesmo com os eventos climáticos, é preciso ter visão sobre o ponto de oportunidade. “É um ponto que eu chamo a atenção sempre: irrigação é o futuro do Brasil! Nós temos problemas climáticos? Temos. Eu acredito, e ouvindo muitos produtores também, que está tendo bons resultados quem tem irrigação. Esse produtor consegue plantar na janela certa, vai produzir a soja, vai colocar o algodão como segunda safra e ainda vai colocar o feijão, aumentando a produtividade”, finalizou.