Proteínas alternativas avançam no setor alimentício
Tendências como produtos à base de plantas e carnes sintéticas seguem em evolução na indústria brasileira e global
As preocupações com sustentabilidade, saúde e bem-estar animal tornaram a discussão sobre proteínas alternativas cada vez mais relevante na indústria alimentícia. Além dos produtos de base vegetal, o mercado também disponibiliza produtos cultivados em laboratórios, além de proteínas com base em algas ou insetos.
Dados da Precedence Research mostram que a tendência nos próximos 10 anos é de crescimento de 218% no valor das proteínas alternativas. Já em 2024, a estimativa é de que o setor movimente 16,65 bilhões de dólares.
Ascensão dos produtos plant-based
Os alimentos à base de plantas, conhecidos como plant-based, ganharam popularidade, não apenas entre vegetarianos e veganos, mas também entre pessoas que procuram reduzir o consumo de carne sem eliminá-la totalmente.
A soja, que até recentemente era a principal fonte de proteína vegetal no Brasil, está dividindo o espaço com outras leguminosas, como feijão, grão-de-bico, lentilha e ervilha, que possuem alto teor proteico. Ao mesmo tempo, a diversificação das fontes de proteína vegetal traz novos desafios tecnológicos, sensoriais e nutricionais.
A expectativa é que, com o aumento da produção nacional e o desenvolvimento de novas tecnologias, os produtos plant-based possam competir de igual para igual com a proteína animal em termos de preço e qualidade.
Em 2023, o Brasil movimentou R$ 1,1 bilhão no mercado de substitutos vegetais, um aumento de 38% em relação ao ano anterior. Esses produtos são projetados não apenas para veganos, mas também para consumidores de carne que estão abertos a experimentar novas opções.
Carne cultivada: um futuro promissor
Uma das maiores inovações no setor de proteínas alternativas é a carne cultivada, também chamada de carne sintética ou de laboratório. Esse tipo de produto pode se aproximar da carne tradicional em termos de sabor e textura, mas ainda há incertezas em relação à segurança alimentar e aos altos custos de produção.
O restaurante Huber’s Butchery and Bistro, de Singapura, foi pioneiro na comercialização de carne cultivada em 2020, quando lançou nuggets de frango sintético feitos pela empresa Eat Just.
Outras proteínas alternativas: insetos e algas
O mercado de proteínas alternativas também está explorando outras fontes, como os insetos, que são consumidos regularmente por cerca de 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo.
Apesar da resistência psicológica e regulatória em países ocidentais, o interesse em insetos como fonte de proteína está crescendo. Seu alto valor nutricional, baixo impacto ambiental e o crescente interesse em alimentos sustentáveis são fatores que impulsionam esse setor. Estima-se que o mercado global de insetos comestíveis chegue a 17,95 bilhões de dólares em 2033.
As algas também são uma fonte de proteínas, além de serem ricas em nutrientes como antioxidantes, vitaminas e minerais. As microalgas, em particular, têm ganhado destaque por sua capacidade de serem cultivadas sem o uso de água doce, tornando-se uma opção altamente sustentável.
Embora o potencial das proteínas alternativas seja vasto, o setor ainda é novo e exige mais investimento em pesquisa e no desenvolvimento de marcos regulatórios e políticas públicas que apoiem a sua expansão. O Brasil está se posicionando como um ator global importante no desenvolvimento de proteínas alternativas, com startups e grandes empresas investindo no desenvolvimento de carne cultivada e outros produtos.