rastreabilidade na pecuria

Rastreabilidade na pecuária é fundamental para a sustentabilidade

Embora o Brasil seja o maior exportador de carne bovina do mundo, cada vez mais as pessoas se preocupam com a origem (e impactos) dos alimentos que consomem

Redação

em 26 de abril de 2023


A pecuária não deve ser uma ameaça aos biomas. Para que seja sustentável, é necessária a adoção de uma série de medidas, que envolvem monitoramento, financiamento e tecnologia para evitar o desmatamento. E, apesar de o Brasil ser atualmente o maior exportador global de carne bovina, a falta de rastreabilidade na pecuária pode comprometer essa posição de protagonismo.

Por exemplo, em dezembro do ano passado a União Europeia (terceira maior compradora de produtos de origem brasileira) proibiu a entrada de itens oriundos de áreas de desmatamento. Além disso, consumidores do Reino Unido, Estados Unidos e Japão se mostram cada vez mais exigentes com questões que envolvem a procedência da carne e o bem-estar dos animais.

“É por isso que o Brasil precisa de uma política pública ‘robusta’ que estabeleça a rastreabilidade da carne”, defende Paulo Pianez, diretor de sustentabilidade da Marfrig. Segundo ele, a indústria pode ser uma mitigadora de riscos, mas o governo tem papel fundamental neste processo, especialmente no que diz respeito à rastreabilidade. 

Em conteúdo apresentado pela Marfrig no NeoFeed, Pianez explica a complexidade da indústria de carne e a importância de tecnologias e ferramentas que possam garantir o controle e a conformidade com as exigências internacionais. Segundo ele, já existem alguns instrumentos, que precisam ser aprimorados. Um exemplo é a Guia de Trânsito Animal (GTA), que atualmente é usada somente para controle sanitário, mas que também pode contribuir para o monitoramento. 

GTA e blockchain podem garantir a rastreabilidade

Para o biólogo Roberto Waack, integrante do Conselho de Administração da Marfrig, as informações coletadas pela GTA, com a segurança da blockchain, poderiam contribuir para a identificação das áreas de risco, além de promover a rastreabilidade. 

Porém, uma das grandes barreiras é o fato de que cerca de 75% dos 2,5 milhões de produtores nacionais são considerados de pequeno e médio porte e enfrentam dificuldades para se adaptarem às regras — normalmente por desconhecimento ou por falta de financiamento para a implementação de tecnologias.

Ricardo Abramovay, professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), ressalta que não basta financiamento para aquisição de animais. “É preciso que os produtores aprendam a fazer o manejo sustentável do solo e a diversificação das pastagens, pensando também no bem-estar animal. Só deveria receber financiamento aqueles que se comprometessem com a pecuária regenerativa”, disse ele ao NeoFeed. 

Programa Verde+ da Marfrig

Vale destacar que a sustentabilidade é um dos pilares da Marfrig, que criou, há três anos, o Programa Verde+, com o objetivo de garantir que até 2030 100% de sua cadeia de fornecimento esteja livre do desmatamento. Para tanto, além de investimentos da ordem de R$ 500 milhões, a empresa deve instituir, até 2025, protocolos para reinclusão de fornecedores bloqueados. 

Também até 2025, a Marfrig pretende rastrear 100% da cadeia de fornecimento da Amazônia — atualmente, esse índice é de 71% no caso dos produtores da Amazônia e 72% dos localizados na região do Cerrado.