regeneracao da biodiversidade

Regeneração da biodiversidade é a aposta de Ricardo Abramovay para o mundo

Professor aponta a proteção da biodiversidade como grande alternativa para combater as mudanças climáticas

Redação

em 29 de outubro de 2024


O Brasil figura, diante do mundo todo, como um país com excelentes condições para reverter o quadro de emissões de gases do efeito estufa e combater as mudanças climáticas, principalmente com soluções baseadas na natureza. Ricardo Abramovay, que é professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da USP, publicou recentemente um artigo sobre a importância da 16ª edição da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP16), que este ano acontece em Cali, na Colômbia, e traz como tema: “Paz com a Natureza”.

Em seu texto, Abramovay aponta a proteção da biodiversidade como grande alternativa para o mundo combater as mudanças climáticas. “A distância entre os objetivos nos compromissos multilaterais, nos planos governamentais e nos investimentos privados é uma forte ameaça ao sucesso da luta contra aquilo que as Nações Unidas vêm chamando de “tríplice crise planetária” (clima, biodiversidade e poluição)”, escreveu o professor.

Segundo ele, a presidência do Brasil do G20 durante 2024 fortaleceu o posicionamento do país em temas fundamentais na agenda global. Entre eles, a  taxação dos super-ricos e o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (Fome Zero), para a formação de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Regeneração da biodiversidade 

De acordo com o Abramovay, é preciso entender a urgência das ações globais de proteção e regeneração da biodiversidade. “E o Brasil pode começar seus trabalhos ainda na COP16. Trata-se de uma agenda que ainda não recebe a devida atenção”, afirmou, apontando o pagamento por serviços ambientais, os créditos da biodiversidade e patentes de organismos vivos como alguns dos desafios dessa COP da Biodiversidade. 

Para ele, “a interrupção imediata da destruição dos diferentes biomas latino-americanos”, não só da maior floresta tropical do mundo, mas também do Chaco, da savana da Guiana, do Pantanal, do cerrado, da caatinga, da mata atlântica e dos pampas, é o primeiro desafio. Já o segundo refere-se à agropecuária, “uma vez que o Brasil é produtor e faz parte do sistema agroalimentar global, e se vê ameaçado pelos eventos climáticos extremos”, apontou. Uma das sugestões para combater os crimes da natureza é aumentar a inteligência policial no combate ao crime organizado, que é responsável por parte da devastação da Amazônia. 

Investidores

De acordo com Abramovay, é preciso que o mundo enxergue as possibilidades de mudanças e entenda, em definitivo, a importância da regeneração da biodiversidade. Outro ponto de extrema importância, segundo o professor, para a viabilizar todo esse processo é o financiamento. “É fundamental também que o apetite dos investidores internacionais nas infraestruturas latino-americanas seja regulado e canalizado para iniciativas que respeitem os povos da floresta e beneficiem as populações dos territórios em que vão incidir”, justificou ele.

“Nosso desafio, hoje, é incorporar a biodiversidade ao interior da produção agropecuária. Da mesma forma que liderou a mais importante transformação agrícola do mundo tropical no século 20, o Brasil pode ser líder na transformação ecológica do sistema agroalimentar global”, acrescentou.