Da esq: Pedro de Camargo, João Luís Avancini Farinha, Mauro Zafalon e Ceres Hadich (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)
agronegocio sustentavel
Da esq: Pedro de Camargo, João Luís Avancini Farinha, Mauro Zafalon e Ceres Hadich (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)

Seminário discute o aumento da produção sustentável do agronegócio

Promovido pela Folha, o Seminário Agronegócio Sustentável trouxe grandes nomes do setor para discutirem alternativas para o mercado

Nai Fachini

em 12 de agosto de 2024


Em abril de 2023 o Parlamento Europeu aprovou uma lei anti-desmatamento para a União Europeia (UE). Na prática, os 27 países da UE não podem mais comprar de países que causam desmatamento para produzir. O objetivo foi claro: proibir a entrada de produtos ligados à destruição de florestas. 

E, desde então, o setor agropecuário, de maneira global, vem encontrando formas para produzir sem desmatar ou agredir o meio ambiente. As alternativas para aumentar a produtividade com práticas sustentáveis foram tema de um painel do Seminário Agronegócio Sustentável, organizado e transmitido pela Folha de São Paulo.

De acordo com o jornalista Mauro Zafalon, que há 35 anos escreve para o jornal, na coluna Vaivém das Commodities, um dos caminhos para atender à demanda internacional é aumentar a produtividade no agronegócio sem expandir as áreas degradadas, respeitando, cada vez mais, as condições impostas pelo meio ambiente. 

agronegocio sustentavel
Mauro Zafalon (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)

Alternativas ao modelo atual

Ceres Hadich, integrante da direção nacional do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST), foi uma das convidadas do painel. Para ela, o agronegócio tem, de fato, uma relevância bastante grande para a economia brasileira. Mas, apesar disso, ela enfatiza o fato de o modelo atual ainda impactar o meio ambiente. 

agronegocio sustentavel
Ceres Hadich (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)

“É nosso papel, enquanto movimento, entender como a gente deve propor algo diferenciado para a manutenção da agricultura, especialmente algo que cause menor impacto ao meio ambiente. Por isso, defendemos a agroecologia, o que consideramos a agricultura do futuro”, justificou.

Os efeitos da tecnologia

João Luís Avancini Farinha, executivo da diretoria de agronegócios do Banco do Brasil, contou que a instituição é um dos bancos mais sustentáveis do mundo e isso está referenciado nas principais bolsas de valores, “motivo de orgulho para todos nós”. Segundo ele, o banco participará com R$ 60 bilhões para a agricultura familiar e médio agricultor, via Plano Safra (que atinge um terço da necessidade geral do agronegócio no Brasil). Contudo, ele atribui à tecnologia o novo posicionamento do Brasil. 

João Luís Avancini Farinha (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)

“A agricultura é uma indústria a céu aberto, por isso a questão climática importa e impacta tanto. Um país, para crescer, precisa ter segurança alimentar, energética, ser sustentável e ser capaz de diminuir a desigualdade social. Isso é importante porque o mundo precisa de alimentos, e a tecnologia vem permitindo que a produção seja adequada para atender à demanda global, de uma forma que reduza o impacto ao meio ambiente. Efetivamente, tivemos um ganho de produtividade de 1980 pra cá, mas, mais importante que isso, é o fato de o Brasil ter evitado que fossem abertas novas áreas de desmatamento para a evolução do agronegócio, e isso é efeito do uso da tecnologia”, explicou. 

Participação do Estado

Para Pedro de Camargo Neto, pecuarista e ex-secretário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2001 a 2002), o clima é a grande questão mundial e tudo inicia no desmatamento e nas emissões de carbono (inclusive com a queima da vegetação), o que prejudica, também, a biodiversidade. De acordo com ele, a ausência da segurança jurídica, que deveria vir acompanhada do Código Florestal, prejudica o agronegócio como um todo. “Por outro lado, os ilegais continuam seguindo suas próprias leis e o governo não consegue executar seu poder e dever de fiscalização, cobrando do produtor legal”.

Pedro de Camargo Neto (Imagem: Reprodução/YouTube – Folha de S.Paulo)

Camargo Neto reafirma a importância e a urgência do combate ao desmatamento ilegal. “Enfrentar a criminalidade do desmatamento deve ser uma prioridade para o Brasil”, acrescentou. 

Para ele, as novas exigências dos mercados internacionais devem acelerar a busca das nações por alternativas mais sustentáveis no agronegócio. 

“A rastreabilidade deve contribuir para esse controle. Não precisamos nos assustar, nossa produção é amplamente ‘verde’. Pressionar a ilegalidade do território, através do produto, pode ser a única maneira para o importador estrangeiro. Nós, brasileiros, precisamos ir ao foco do problema: a ilegalidade territorial do desmatamento. O estímulo não é a produção da carne, mas sim o roubo de terras e a especulação imobiliária. Nós queremos a legalidade do produto para o brasileiro também, não só para o que é exportado”, completou.