Foto: SEI-PR/Divulgação
proteina alternativa
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Startup cria proteína alternativa e transforma fungos em “carne”

Com status de foodtech, empresa paranaense desenvolveu uma proteína concentrada de micélio

Redação

em 27 de agosto de 2024


Imagine comer um hambúrguer com gosto de carne, cheiro de carne, taxa reduzida de gordura e calorias, com mais proteínas e fibras, mas que não leva carne? A ideia surgiu da startup Fungi Biotecnologia, que tem sedes em Curitiba e Ponta Grossa, no Paraná. Com status de foodtech, a empresa paranaense desenvolveu uma proteína concentrada de micélio (a parte vegetativa de fungos e cogumelos).

De acordo com a Agência Estadual de Notícias do Governo do Paraná, a startup faz parte do programa Paraná Anjo Inovador, por isso recebeu R$ 250 mil em incentivos do programa desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Inovação, Modernização e Transformação Digital.

Eduardo Sydney, engenheiro de bioprocessos, se uniu a Paulo Ibri, empreendedor da indústria de alimentos, ainda em 2021, para dar forma ao projeto. A ideia era criar um alimento rico em proteínas e fibras, e com baixo teor de gordura e calorias. Mas a dificuldade maior era criar esse produto com base em plantas, como a ervilha, por exemplo, que deixa um rastro forte no sabor. 

“A vantagem do micélio é que ele tem sabor neutro, ou seja, quando adiciona novos ingredientes, isso não afeta o sabor do produto final”, explicou o engenheiro de produção.

O planejamento da foodtech é escalar o produto no mercado até o final de 2025. 

O processo de produção 

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Foto: SEI-PR/Divulgação

A startup optou pelo uso de fermentação líquida para o processo de produção para a  criação do produto. Em suma, é parecido com o utilizado pela indústria cervejeira ou de etanol. Segundo a Fungi Biotecnologia, o produto final deste processo é sólido, com textura semelhante à de frango desfiado. Além disso, tem sabor neutro e é rico em benefícios para a saúde do consumidor, vantagem que permite atender às exigências do público vegano e vegetariano. 

A startup está focada em atender os requisitos para a produção de comidas saudáveis, unindo a proteína do micélio com a proteína animal.

Sydney explica que um hambúrguer híbrido contém 50% menos gordura e calorias, e maior quantidade de fibras, melhorando o perfil nutricional. “Outra possibilidade é usar o ingrediente no mercado de nutrição esportiva para aumentar o valor nutricional de alimentos, como barrinhas de proteína, shakes e snacks”, apontou.

Pioneirismo

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A tecnologia de fermentação do micélio gerou duas spin-offs dentro da Fungi Biotecnologia: a Mush, que trabalha com produção de embalagens e materiais sustentáveis e biodegradáveis, e a Muush, que produz um biotecido similar ao couro, voltado para a indústria de moda e calçados. 

A técnica é considerada pioneira na América Latina, e o processo fermentativo mais rápido do mundo quando comparado com outras startups que usam a mesma tecnologia. Enquanto as outras empresas levam de 48h a 72h para realizar o processo de fermentação, a startup consegue realizar em 24h.

“Cada startup trabalha com um tipo de fungo e nós escolhemos um que já é usado para a alimentação no Brasil. O que nos diferencia de outros players do mundo é o fungo que usamos e principalmente o tempo, porque conseguimos desenvolver um processo mais rápido e eficiente”, explicou Sydney. Atualmente, a empresa já consegue produzir até 100 quilos do micélio fresco por mês.