UE incentiva produção agropecuária sem desmatamento
Uma das medidas adotadas pelo grupo é a lei EUDR, que impede a importação de produtos agropecuários oriundos de áreas desmatadas para a Europa
A União Europeia tem implementado uma série de restrições com o objetivo de combater o desmatamento global e promover a produção agrícola sustentável. Entre essas medidas, está a EUDR (Deforestation-free Regulation), lei que entra em vigor no final de 2024 e proíbe a importação de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas no mercado europeu. Esta regra é aplicada ao Brasil, mesmo quando o desmatamento é considerado legal pelo Código Florestal Brasileiro.
Diante desse desafio, o agricultor local deve adotar práticas sustentáveis para expandir a produção sem a necessidade de novas áreas desmatadas.
Em um artigo publicado pelo portal Notícias Agrícolas, o engenheiro agrônomo Décio Luiz Gazzoni apontou diferentes técnicas para atender às exigências dessa nova legislação. Ele também tratou a utilização da mesma área para duas ou mais safras, a reincorporação de áreas degradadas, o aproveitamento de áreas anteriormente destinadas a pastagens e a integração entre lavoura e pecuária.
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Áreas de pastagens
Devido à melhoria dos índices zootécnicos e da qualidade das pastagens, a área de pastagem necessária para a manutenção do mesmo rebanho tem diminuído ano após ano, de acordo com dados dos Censos Agropecuários.
Isso se deve também a práticas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que consiste na utilização de diferentes sistemas produtivos, agrícolas, pecuários e florestais dentro de uma mesma área.
Segundo a associação Rede ILPF, a técnica otimiza o uso da terra, aumentando a produtividade e diversificando a produção, o que reduz a necessidade de abertura para novas áreas.
O cultivo de duas ou mais culturas na mesma área e na mesma safra evita a necessidade de abrir novas áreas para a segunda safra. Essa prática também permite que a área seja utilizada para pastoreio após a segunda colheita, aumentando a eficiência do uso do solo.
Recuperação de áreas degradadas
A recuperação de áreas degradadas também é outra estratégia destacada. Um estudo coordenado por Edson Luiz Bolfe, da Embrapa Agricultura Digital, identificou cerca de 17,5 milhões de hectares de pastagens com degradação intermediária e 10,5 milhões com degradação severa, ambos com potencial para conversão em áreas agrícolas.
O plano ABC+, do Ministério da Agricultura e Pecuária, prevê a reincorporação de 30 milhões de hectares dessas pastagens degradadas à agropecuária, evitando a emissão de 113,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente.
Os resultados indicam que 89% das áreas de pastagens degradadas estão a até 20 km de rodovias, e 54% estão a menos de 20 km de armazéns.
O estudo excluiu terras indígenas, unidades de conservação, assentamentos rurais e comunidades quilombolas, além de áreas de alta prioridade para a conservação da biodiversidade. Ele considerou também critérios como infraestrutura rural e aptidão climática.