Da esq.: Leandro Cury, Diogo Isoton, Leandro Lima, Fabiano Murta e Magno Yamaguchi – Foto: Ana Azevedo
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Da esq.: Leandro Cury, Diogo Isoton, Leandro Lima, Fabiano Murta e Magno Yamaguchi – Foto: Ana Azevedo

IA nos frigoríficos: explorando os impactos da revolução tecnológica no setor

Gerente Executivo de Tecnologia da BRF destaca que a IA está em quase todos os setores da empresa

Ana Azevedo

em 21 de junho de 2024


“Inteligência Artificial é assunto de negócio, não de tecnologia”. Assim Fabiano Murta, diretor de Tecnologia e Inovação da Plena Alimentos, definiu o tema do Painel – IA nos Frigoríficos: explorando os impactos da revolução tecnológica no setor, realizado na Arena de Conteúdo Tecnocarne, no primeiro dia da Feira, que aconteceu entre os dias 18 e 21 de junho, no São Paulo Expo.

Iniciando a discussão, o moderador do Painel, Magno Yamaguchi, GPM e Sócio da consultoria Falconi, comentou sobre o fato de qualquer coisa ser colocada como Inteligência Artificial (IA) e quis saber dos palestrantes se hoje ela é uma hype ou uma realidade e se já é possível ver resultados importantes na sua implementação.

Leandro Lima, gerente Executivo de Tecnologia da BRF, explica que a empresa tem a IA implantada em quase todos os setores, e destacou, entre eles, o agro, onde ela é utilizada, por exemplo, para garantir que o frango tenha o peso ideal para entrega e para a sexagem dos animais.

“Usamos a IA em vários processos, na parte de controle da produção, para melhorar a gestão, para definir o produto, identificar o percentual de carne que tem no osso, através de imagem de aplicativo, para saber quanto está tendo de perda, na jornada de dados, enfim, todas as áreas e gestores falam com a IA”.

Desafios da IA

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Da esq. para dir.: Leandro Lima (BRF), Fabiano Murta (Plena Alimentos) e Magno Yamaguchi (Falconi) – Foto: Ana Azevedo

Murta, por sua vez, afirma que há uma “gourmetização” da IA, com a venda de sistemas que já existiam como se fossem Inteligência Artificial, sem entender as necessidades do negócio. “Existe uma pressão para a empresa investir, mas é preciso identificar o problema, conhecer a dor do seu negócio, o que precisa resolver com a IA, para gerar valor para o negócio. Acredito que agora as coisas estão começando a converter para isso.”

Complementando isso, Leandro Lima, da BRF, afirma que é preciso fazer um business case, não se pode gastar dinheiro à toa. Ele explica que os principais desafios estão no chão de fábrica e na agropecuária, pois muitos frigoríficos têm automação nas máquinas, mas elas não são integradas. “Em alguns casos são máquinas antigas, é preciso otimizar e escolher os equipamentos, não dá para colocar IA em tudo.”

Lima reforça a importância de saber o que é Ciência de Dados e o que é IA. “O simples vale mais do que uma modelagem complexa. Quem investe em Ciência de Dados sai na frente, em função do volume de dados que temos.”

Participação da equipe e governança

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Fabiano Murta, da Plena Alimentos, defende que os projetos de IA sejam feitos com a participação das pessoas, para que elas entendam que são parte daquela satisfação, que elas foram promovidas para fazer coisas mais nobres e o ecossistema da empresa enxerga e quer participar de circuitos para ensinar o que é a IA. “Para que elas tragam problemas para a gente resolver e elas encontrem soluções para coisas do dia-a-dia.”

Magno Yamaguchi aproveitou para questionar se cresce o risco de segurança trazer mais flexibilidade e até que ponto a cibersegurança pode travar os processos de IA.

“Não tem jeito, é preciso discutir com o Conselho de Administração, cada profissional tem que saber que faz parte do trabalho, que ele pode usar a IA para facilitar seu dia-a-dia, mas mandando apenas o contexto e não os dados. É importante a conscientização das pessoas. Dado é tão ativo quanto a planta do frigorífico, precisa olhar com muita seriedade.”

Leandro Lima diz que, olhando para o futuro, a BRF implantou o chatbot. “No RH ele executa 250 mil atendimentos mês. São mais de 50 mil pessoas se comunicando com a empresa por WhatsApp. Ainda é algo binário, estamos “pilotando” para colocar IA generativa, será um ChatGPT interno, vai fazer em conversação e não mais em linguagem binária. A ideia, depois, é expandir para produtos, mas em ambiente controlado. Estamos “pilotando”.

Ele ressalta que tudo tem investimento e que a ideia é agilizar, tirar muitas atividades do supervisor, para que ele consiga focar na produtividade. “Utilizar o Microsoft Copilot, ver se está trazendo produtividade, dar passos com cuidado para aquilo não ser apenas uma despesa para a empresa.”