10 tendências que vão revolucionar a produção de carne bovina, segundo Embrapa

Centro de Inteligência da Carne Bovina, da Embrapa, aponta as principais tendências que devem modificar o setor nos próximos anos

Roberto Francellino

em 30 de março de 2022


Os cientistas do Centro de Inteligência da Carne Bovina (Cicarne), departamento da Embrapa Gado de Corte, avaliaram dez tendências que devem marcar a produção do setor até 2040. O documento aponta, como primeira tendência, que os produtos biológicos serão a base da sanidade bovina daqui a alguns anos. 

1 – Produtos Biológicos

Conforme destacou reportagem da revista Forbes, a necessidade da redução de resíduos na carne e a dificuldade no desenvolvimento de novas moléculas efetivas no controle de doenças e parasitos, juntamente com o avanço biotecnológico voltado à sanidade, propiciam o declínio de produção e utilização de fármacos alopáticos e o maior avanço na produção de fármacos biológicos. 

2 – Maior Uso de Biotecnologia

A lista continua com destaque para o uso da biotecnologia para a transformação da pecuária e da carne. Segundo os especialistas, problemas históricos da atividade serão eliminados, ou pelo menos controlados. Eles avaliam ainda que a genética de bovinos de corte, com ganhos em termos de resistência animal, produtividade, precocidade e qualidade da carne, também ganhará relevância. 

3 – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta

A terceira tendência indica o uso de menos pasto para a produção bovina, inclusive com aumento da área chamada de ILPF, ou seja, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. “Teremos maior número de bovinos produzidos, integrados à diversidade produtiva e ao meio ambiente, com menor uso de terras para a atividade”, destaca a matéria.

4 – Bem-Estar Animal

A lista do Cicarne destaca ainda o bem-estar animal como assunto chave para o futuro. Para os especialistas, será mandatório produzir respeitando o bem-estar animal ao longo de toda a cadeia. A tendência é que se passe a exigir certificados de produção de bem estar animal em todas as etapas do transporte e do frigorífico. 

5 – Profissionalização máxima

A quinta tendência aponta para a consolidação da pecuária com grandes players, um processo de seleção natural, em que metade dos pecuaristas serão eliminados se não melhorarem seus padrões de gestão e de produção. 

6 – Transformação dos Frigoríficos 

Um processo de transformação forte também deve acontecer com os frigoríficos e é a sexta tendência em foco. E a mudança acontece para atender o consumidor interno e os importadores. 

7 – Denominação de Origem

A carne com denominação de origem é a sétima tendência e é um fenômeno que vai replicar a experiência de mercados como o de vinho. “Pecuaristas e frigoríficos irão trabalhar fortemente em termos de diferenciação de cortes e processos produtivos em busca de geração de valor a seus produtos”, explicam os especialistas. 

8 – Exportação Brasileira em Alta

O Brasil como grande exportador de carne e genética é outra avaliação e será um processo de consolidação nos próximos vinte anos. Isso significa também que as exportações de carne bovina devem ser maiores do que as atuais 20% de parcela da produção local. Para o Cicarne, “o país se destacará na exportação de genética, de animais vivos para abate, de cortes de carne e de subprodutos, atingindo, tanto mercados emergentes, como sofisticados”. 

9 – Transformação Digital

A lista de tendências fecha com dois temas importantes. O primeiro deles é a transformação digital do setor, com maior enfoque no processo de distribuição de insumo, gado e da carne. “Nas propriedades, a gestão chegará a outro patamar com muita tecnologia embarcada, o que possibilitará eliminação de gargalos da produção. O mesmo fenômeno ocorrerá nos frigoríficos, onde robôs irão mudar a forma de processamento, impactando nos custos, na produtividade industrial e na qualidade do produto final”, adverte o documento do Cicarne. 

10 – Qualificação Profissional

Por fim, o setor precisará se preocupar com um provável apagão de mão de obra e o maior desafio será qualitativo, pois o avanço do setor vai exigir profissionais familiarizados com tecnologias como a internet das coisas (IoT) e técnicas como a ILPF citada acima.