setor brasileiro de carnes

2022 deve marcar retomada de crescimento no setor brasileiro de carnes

Em relatório, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos avalia o setor brasileiro de carnes e projeta retomada de crescimento a níveis pré-crise da pandemia

Roberto Francellino

em 12 de abril de 2022


Para 2022, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima aumento de 2,1% na produção de carne bovina no Brasil. Isso porque devemos ter mais animais de abate disponíveis, o que melhora as margens de lucro. A maior parte desse aumento deve ocorrer no segundo semestre do ano, e essas informações constam no Report Anual de Gados e Produtos, elaborado pela Rede Global de Informação Agrícola e pelo USDA.

A previsão é que a produção de bezerros cresça cerca de 3% em 2022, acompanhando os altos preços da carne bovina e a alta demanda de exportação. “Porém, vários desafios permanecem, pois o setor bovino ainda se recupera da fase de depressão do ciclo pecuário”, pontua o relatório.

O consumo interno, que absorve mais de 72% da carne produzida no Brasil, confirma a avaliação da USDA. Em 2021, a projeção é que tenhamos consumido cerca de 6,93 milhões de toneladas, sendo que a carne bovina teria respondido por 31% do consumo de todas as carnes no Brasil, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Antes da pandemia, a carne bovina representava 34% e essa redução teria sido transferida para o consumo de frango e porco. 

O frango é a carne mais consumida pelo brasileiro, representando 51% do total (crescimento de 2% em relação a 2020) em 2021. Já o porco vem na terceira posição (18%), o que representa crescimento de 1% em relação ao ano anterior.

Com a pandemia, o consumo total de carnes (de frango, boi e porco) caiu no Brasil, sendo que em meados de 2021 cada brasileiro consumia 26,4 quilos de carne por ano (14%) a menos que em 2019, antes da pandemia. As exportações de carnes brasileiras apresentam bom desempenho e a estimativa é que tenhamos fechado 2021 com crescimento de 3,5% nelas. Isso se deve, principalmente, à demanda chinesa, que continuou forte. 

A China, aliás, é o país que – de longe – mais importa carnes brasileiras. Em 2021, segundo projeções do Ministério da Economia, ela consumiu 50,1% das nossas exportações. Hong Kong e os Estados Unidos são os segundo e terceiro principais importadores, representando 10,1% e 5,1%, respectivamente. Do total de carnes produzidas no Brasil (6,93 milhões de toneladas), as exportações devem ter representado 27,6%, segundo o relatório da UDSA. 

O setor de gado vivo, na avaliação da USDA

A redução de exportação de gado vivo é uma tendência que deve se manter, e já vem desde 2018, segundo avaliação da USDA sobre os dados do Ministério da Economia.

Em 2020, o Brasil foi o quinto maior exportador de gado vivo do mundo, mas, no ano passado, as exportações de gado vivo caíram 40%, principalmente devido à oferta limitada de gado e aos maiores preços dos alimentos. 

Para a balança comercial, o superávit desse tipo de mercado é enorme, já que o Brasil importa quantidade ínfima de animais vivos, sendo os EUA os maiores fornecedores, com 36 animais importados pelo Brasil em 2021.