bem-estar animal e mudancas climaticas

Bem-estar animal versus mudanças climáticas

Animais buscam cada vez mais por áreas de sombra no pasto. Uma das justificativas pode ser o calor extremo

Redação

em 10 de maio de 2024


O ano de 2023 entrou para a história como o mais quente já registrado. Em alguns lugares do Brasil, temperaturas superiores a 40º C já foram registradas, embora o frio extremo também seja motivo de preocupação. As mudanças climáticas estão cada vez mais evidentes e trazem consequências para o setor de agropecuária. No último inverno, por exemplo, foi registrada a elevação da mortalidade de bovinos, decorrente de uma onda de frio no Mato Grosso do Sul.

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Por isso, investir no planejamento de sombras e de abrigos naturais para os animais no pasto é muito importante. Segundo a literatura, o calor nos animais em espaço livre, nas regiões tropicais, pode ser maior que três vezes o total do calor interno do corpo do próprio animal. 

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Apesar do gado Nelore ser o “queridinho” do Brasil, uma pesquisa apontou que, mesmo estando adaptado às condições climáticas do país, houve uma redução de 22% do consumo de matéria seca pelos animais, quando submetidos ao estresse térmico. Em outras palavras, houve redução do bem-estar animal por conta das mudanças climáticas. 

De acordo com a Embrapa, o conforto térmico é um dos requisitos que garantem, além do bem-estar animal, a sustentabilidade da atividade pecuária. Segundo a instituição, para animais no pasto, a medida mais eficiente é oferecer sombra, que pode ser tanto artificial (sombrite 70%), quanto natural. A plantação de árvores é a forma mais barata e eficiente, além de gerar outros benefícios, como aumento de biodiversidade, por exemplo.

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“A sombra natural é mais eficiente porque as árvores, além de bloquearem a radiação solar, criam um microclima embaixo daquele ambiente com sensação térmica mais agradável. Assim, é oferecida uma condição de melhor conforto térmico, por se tratar de um ambiente com menor temperatura e, com isso, é possível promover o bem-estar do animal”, declarou Fabiana Villa Alves, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS). 

Nas fazendas, percebe-se a busca do animal por espaços de sombra (onde a temperatura é mais amena) nos momentos mais quentes. Portanto, a criação de espaços com bosques permite uma condição térmica melhor ao animal. Além disso, essas áreas reduzem a incidência da radiação solar e mantêm a umidade local. 

O plantio de um bosque pode ser uma alternativa viável, mas depende de tempo para gerar resultados efetivos. Em média, um bosque plantado leva pelo menos quatro anos para começar a projetar uma sombra.