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4 mitos e verdades sobre alimentação

Café deve ser evitado? Carne faz mal? Leite vegetal é a melhor opção? Esses e outros mitos são desmascarados

Redação

em 18 de agosto de 2022


Volta e meia, um alimento deixa de ser herói e se torna vilão para a saúde humana. O conflito de informações sobre o que devemos ou não comer é tanto, que muitos se apegam a alguns mitos sobre a nutrição. Afinal, café tem que ser evitado? Carne faz mal? Leite vegetal é a melhor escolha? Para desmistificar o seu prato, desmascaramos as quatro lendas que mais afetam a sua cozinha.

Café só tem cafeína e faz mal para o coração 

“O café tem mais de mil compostos, precisamos saber que, quando olhamos para a bebida, não estamos observando apenas a cafeína”, comenta Astrid Nehing, diretora do instituto francês de pesquisa média, Inserm, em entrevista ao The Guardian. Nesse sentido, o café tanto tem compostos que deixam as pessoas alertas, como também tem químicos que a fazem relaxar. 

A cafeína tem um efeito diverso nas pessoas, agindo nos receptores de adenosina do cérebro. Metade doas pessoas é imune ao efeito. Nehing explica que em alguns organismos, a cafeína é eliminada rapidamente, em outros, ela se acumula durante o dia, e causa mais efeitos de aumento de atenção – e agitação.

O café tem antioxidantes que podem proteger o coração de doenças cardiovasculares e coronárias, diz a especialista.  

Alternativas ao leite de vaca são melhores para a saúde?

Leites com bases vegetais são vistos como mais saudáveis, mas, na verdade, eles guardam mais perguntas do que respostas. Isso porque, explica Duane Mellor, porta-voz da British Dietics Association, os leites vegetais são “alimentos altamente processados”. Além disso, existe um questionamento sobre a quantidade de proteína que as alternativas aos laticínios contém. 

Leites de aveia têm 1 grama de proteína por 100 ml de leite, enquanto um leite animal tende a ter 3,5 gramas de proteínas por 100 ml. Muitas alternativas ao leite contém aditivos nutricionais para mimetizar os encontrados no leite de vaca. O cálcio também é um ponto complexo para a troca de leites.

Carne faz mal?

“A carne vermelha se tornou a vilã da peça. E frango e peixes receberam passe livre, ao lado de plantas. Mas há nuances na ciência, que não são divulgadas com frequência na imprensa e se perdem no debate nas redes sociais”, disse Rob Percival, autor de The Meat Paradox: Eating, Empathy and the Future of Meat, em entrevista ao The Guardian..

Alguns estudos observacionais sugeriram que a carne vermelha está associada à doenças relacionadas ao estilo de vida, “mas esses estudos descobriram que a associação está mais em populações que consomem uma dieta de estilo ocidental altamente processada”, comentou Percival. Além disso, muitos dos estudos misturam carne vermelha com carne ultraprocessada, apesar de serem alimentos muito diferentes.

“Existe um conjunto de evidências que mostra que, se você está comendo uma dieta onívora saudável, com muitas plantas, essa associação é anulada: a carne vermelha não está contribuindo para a mortalidade prematura. O quadro geral parece ser que a carne vermelha pode desempenhar um papel útil no tratamento de deficiências de micronutrientes [como zinco, vitamina B12 e potássio]. [portanto] Não é o vilão que parece ser”, disse Percival.

Vinho é a opção alcoólica “mais saudável”?

Não há evidência de que o vinho faz bem para saúde, disse o professor e Sir Ian Gilmor, especialista da Alcohol Alliance UK. As pesquisas que apontam para essa correlação associaram um composto específico do vinho tinto, o polifenol, a melhores condições de saúde cardiovascular, mas são resultados muito limitados e, muitas vezes, com base em testes com ratos. 

Para os especialistas, a questão do vinho é complexa, pois as pesquisas feitas em humanos mostram apenas uma parte do resultado. De acordo com Sadie Boniface, head de pesquisa do Insitute for Alcohol Studies, os estudos que mostram que quem bebe moderadamente é mais saudável de quem não bebe, na verdade não avalia todos os hábitos das pessoas. “Mas a melhor pesquisa analisa detalhadamente outros aspectos da vida das pessoas e descobriu que não é a quantidade moderada de vinho tinto que é bom para você, são outros comportamentos de saúde. Então você pode ter uma boa dieta e circunstâncias de vida – você não está vivendo na pobreza, respirando muita poluição – e esses comportamentos e estilos de vida se agrupam em pessoas que bebem moderadamente: são pessoas que estão vivendo vidas mais saudáveis. Por isso vivem mais. Não porque há um ponto ideal em termos de quanto álcool você deve beber”, finalizou a pesquisadora, em entrevista ao The Guardian.