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Bang bang: dicas do faroeste para retomar o rebanho depois da seca

Especialista norte-americano vai aos filmes de faroeste para pegar dicas de como manter uma criação de rebanho alinhada ao meio ambiente

Redação

em 4 de abril de 2023


Os custos dos insumos agropecuários aumentaram consideravelmente nos últimos anos. Parte disso se deve à recente questão geopolítica, com a guerra na Ucrânia. Mas também há consequências que vêm sendo ampliadas há anos, principalmente em decorrência das mudanças climáticas. O preço da ração, do combustível, do adubo, do maquinário, da mão de obra, enfim, tudo está mais caro. Portanto, a questão para muitos produtores pode ser: como reduzir a dependência de insumos, simplesmente trabalhando com o meio ambiente?

Uma resposta está no faroeste, segundo Wesley Tucker, especialista em negócios agrícolas da University of Missouri Extension. Fã dos filmes de bang bang, ele voltou 150 anos no tempo para pensar em como os cowboys e as cowgirls lidavam com o rebanho em épocas de secas e adversidades.

A conclusão foi que muitos fazendeiros dessa época optaram por simplesmente ter no pasto a quantidade de animais que poderiam se alimentar com o capim ali cultivado. Isso, em contraponto como os dias atuais, alivia de pronto custos inesperados com rações ou toda a logística de enfardamento. “A maioria dos fazendeiros aderiu à filosofia de apenas abastecer o pasto com o que poderia sustentar em um ano de seca. Isso porque, se acabasse o capim, não havia muitas opções”, escreveu ele em artigo publicado na Farm Progress.

Rebanho além do bang bang

O especialista alertou para o fato de que, atualmente, muitos produtores priorizam ter um rebanho maior, sem levar em consideração a rentabilidade unitária dos gados. Com os altos preços dos insumos, isso muitas vezes resulta em “mera troca de dólares”, como classificou Tucker. 

“Ao enfardar muito feno no verão para alimentar o rebanho no inverno, os produtores conseguem aumentar o número de gado. Porém, e se simplesmente se passar a produzir apenas dois terços desse número, com alguns bezerros de fundo (aqueles já contabilizados dentro de uma margem volátil) para aproveitar quando o clima der um pouco de pastagem extra?”, provocou.

Para ele, toda operação deve ter um certo número de animais que dão flexibilidade ao sistema de pastejo. “Eles são o nosso plano integrado de gerenciamento de seca”, explicou Tucker.

Nos Estados Unidos, mais especificamente, as condições climáticas de 2022 fizeram com que muitos produtores reduzissem o rebanho. Para este ano, espera-se uma condição de chuvas melhor no verão, motivo pelo qual muitos desses já pensam em retomar a criação numericamente. 

As dicas de Tucker, portanto, contemplam principalmente àqueles que pensam em reconstruir um rebanho. “Pense em como criar flexibilidade em seu sistema e trabalhar com a Mãe Natureza. Afinal, com os altos preços das rações, o valor do ganho para bezerros em crescimento será mais recompensador do que nunca”, explicou. “Se isso impedir a compra de fardos de feno de US$ 100 na próxima seca, já será realmente uma grande vitória”, completou.