Lucas Marcolin
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Lucas Marcolin

Mapeamento digital inteligente otimiza uso de herbicidas, segundo BASF

Em entrevista, Lucas Marcolin, da área de digitalização da companhia, mostra outras vantagens do mapeamento inteligente do campo

Redação

em 29 de agosto de 2023


Apesar do desafio da conexão limitada em campo, a experiência da gigante alemã Basf mostra resultados positivos na otimização do uso de herbicidas. O mapeamento inteligente vai além desse fator, segundo Lucas Marcolin, gerente comercial de Produtos Digitais para a América Latina da companhia. De acordo com ele, a evolução do serviço, iniciado comercialmente em 2020, deu grande visibilidade para os agricultores e permite a entrega de dados para otimizar o plantio, a nutrição vegetal e a otimização de insumos. Os ganhos, nesse caso, avançam para o incremento de produtividade. Acompanhe os principais trechos da entrevista com Marcolin.

Você poderia falar das soluções digitais para o agronegócio?

A Basf tem foco no preenchimento de lacunas e de “dores” latentes relacionadas à sustentabilidade e à eficiência no uso dos recursos. Há dois caminhos para isso, sendo o primeiro deles o uso de máquinas, que depende de investimento maciço. O segundo é o de serviços. Focamos no segundo, com soluções que podem ser adotadas por todo o setor, oferecendo uma plataforma e serviço premium.

Como é esse serviço?

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Foto: Divulgação

É um pacote que envolve o sobrevôo da área dos agricultores, usando drones para identificar anomalias, nematoides, plantas daninhas e outros fatores. Com a captura e processamento de imagens, podemos entregar um mapa de aplicação localizada de herbicidas, que vai otimizar o uso do  insumo, com ganho financeiro e agronômico. Dessa forma, contribuímos para resolver o problema de usar o herbicida de maneira eficiente, atacando desafios como plantas daninhas mais resistentes, entre outros. A digitalização permite entregar mapas de prescrição, identificando zonas específicas do talhão com anomalias e de que forma o agricultor pode manejar o problema. Esse serviço é o mapeamento digital inteligente, usado para identificar vários problemas de sanidade da lavoura e não apenas o de plantas daninhas. A digitalização traz informações que ajudam na tomada de decisão do agricultor.

Qual papel da digitalização para o setor agro?

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Basicamente tornar o agro mais eficiente e sustentável. Para isso é preciso usar a linguagem do cliente na ponta; traduzir no valor para o cliente, em retorno de investimentos (ROI), eficiência e sustentabilidade. Traduzir questões sócio-ambientais em ROI. E é preciso olhar cada vez mais para dentro da porteira, o que cada pedaço de chão dentro do talhão nos informa e como o agricultor precisa atuar aí. Quando processamos um mapa com essas características, temos uma média de 61% de otimização de aplicação de herbicidas, com ganhos de eficiência e sustentabilidade, por exemplo.

Como se chegou a esse índice?

Field Manager

Quando olhamos para o mapeamento digital inteligente, há mais de 10 milhões de hectares cadastrados na plataforma Field Manager, sendo 1 milhão de hectares mapeados por drone. Isso já gerou a economia de mais de 36 milhões de litros de água. São dados relevantes também para a pauta de sustentabilidade. Dentro da porteira, olhamos para cada ponta da jornada, do plantio à colheita, focando no incremento da produtividade.

Como tem sido a abordagem de profissionais no agro?

Nós entendemos que é preciso cada vez mais democratizar o acesso à tecnologia. Existem várias formas de se fazer isso, inclusive com programas com agrônomos especializados que podem utilizar a nossa plataforma por meio do xarvio Agro Experts. Outra iniciativa da BASF é o ecossistema Conecta.ag que, entre outras iniciativas, já conta com um marketplace de produtos e serviços do agro. 

Como ampliar a digitalização em que já adota o mapeamento inteligente?

Solução de Pulverização Inteligente (Foto: Reprodução/Site Basf)

O futuro envolve, entre outras coisas, a combinação de serviços com o uso de máquinas em campo. A One Smart Spray Basf é uma joint venture fundada por Bosch e Basf para comercializar tecnologias de agricultura inteligente. Trata-se da aplicação inteligente do herbicida em tempo real, com ainda mais precisão. Nesse caso, podemos saltar da otimização de 61% no uso de herbicidas para níveis acima de 75%, por exemplo. Esse é um trabalho que está na fase de pesquisa e desenvolvimento e que deve estar comercialmente disponível nos próximos anos. 

Nossa experiência atual em digitalização mostra resultados no plantio de taxa variável, com incremento de produtividade real de até 5% em milho, 2,5% em soja e 2,6% em algodão. Nós acreditamos também no fortalecimento de modelos de negócios, incluindo a participação de startups no processo. Por isso, outra iniciativa é o AgroStart, plataforma de inovação aberta que desde 2016 já desenvolveu mais de 30 iniciativas de intraempreendedorismo e interagiu com aproximadamente 600 startups na América Latina.