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Bem-estar animal eleva produção no agro, segundo Embrapa

Integração lavoura-pecuária-floresta favorece a qualidade do pasto e o conforto térmico dos animais

Redação

em 5 de dezembro de 2022


As práticas de manejo que valorizam o bem-estar animal também resultam em ganhos financeiros, segundo a Embrapa. O assunto foi tema de uma reportagem do Globo Rural, com destaque para a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), que tem casos reais de melhoria em sistemas produtivos no Maranhão, entre outros exemplos. Em Brejo, no extremo leste do estado, a Fazenda Barbosa é referência na área, tendo adotado a ILPF há cerca de dez anos. A prática de intensificação sustentável favorece a qualidade do pasto e o conforto térmico dos animais, com o sombreamento proporcionado pelas árvores.

Na propriedade de quase 1.000 hectares, a ILPF integra um sistema diversificado que inclui o plantio de capim consorciado com milho depois da colheita da soja. O eucalipto e 12 espécies de árvores nativas formam o componente florestal. “Antes da integração, chegava nessa época, em novembro, o gado emagrecia, porque não tinha o que comer. O normal é termos chuva até o final de maio e, depois, só em dezembro. É um período muito longo de estiagem”, disse o produtor Vitor Barbosa à reportagem da Globo Rural.

A propriedade é uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Embrapa e sedia dias de campo e experimentos de professores e estudantes de diferentes instituições de ensino e da Rede ILPF, associação formada por parceiros que trabalham para difundir a tecnologia no Brasil.

Plantas forrageiras, produção e bem-estar animal

A primeira área implantada com integração lavoura-pecuária (ILP, sem o componente florestal) preencheu dez hectares com o plantio de braquiária, forrageira predominante nas pastagens cultivadas do país. Entre as vantagens da planta, está a resiliência ao estresse hídrico e a incorporação de matéria orgânica, que promove a melhoria das condições do solo. 

A braquiária foi a solução para formar a palhada sobre a terra e para quebrar a camada adensada do solo com sua raiz. O processo facilita a penetração da água no solo e forma uma reserva que ajuda a proteger a cultura da soja em períodos de veranicos.

Já o investimento em sementes forrageiras e no plantio de eucalipto teve rápido retorno com os ganhos na pecuária. A fartura de alimento no pasto logo provocou efeitos visíveis no rebanho. Nas últimas safras, além da melhoria na taxa de natalidade, foi possível verificar um incremento entre 25 e 27 quilos na carcaça dos animais abatidos aos três anos. Antes da ILPF, o peso do gado nessa idade ficava em torno de 177 quilos, índice padrão na região.

A lotação média na propriedade é de 2,5 cabeças por hectare na área de consórcio do milho com braquiária, enquanto a média dos pecuaristas locais fica em 0,8 cabeça por hectare. “Hoje, concluímos que não é possível manter a pecuária por aqui sem a ILPF. Inclusive nosso rebanho ovino está aproveitando o capim” finaliza Viviana Barbosa, veterinária e filha do empreendedor da Fazenda Barbosa.