Especialistas defendem campanha global contra a desinformação sobre carnes

Congresso Internacional de Pecuária realizado em Houston (EUA) debateu formas de combate à desinformação sobre carnes

Roberto Francellino

em 1 de abril de 2022


Durante o Congresso Internacional de Pecuária, realizado no início de março deste ano em Houston, nos Estados Unidos, especialistas defenderam que é preciso fortalecer uma campanha global de combate à desinformação sobre carnes. O evento focou em como as lideranças globais da indústria alimentícia devem vencer o desafio de alimentar uma população em expansão, gerenciando, ao mesmo tempo, os eventos inesperados da natureza, dos mercados e geopolíticos.

“Não há dúvida de que a indústria global de carne bovina foi pega de surpresa nos últimos anos por uma série de campanhas anti-carne, com alegações sobre questões de saúde, danos ambientais e problemas de bem-estar animal”, pontuou em reportagem o site Beef Central. O texto foi escrito pelo jornalista Eric Barker, que cobriu a conferência de Houston.

Contra isso, relata a reportagem, pesquisadores, profissionais de marketing e especialistas do mercado de carnes discutiram a necessidade de ampliar as mensagens positivas sobre o alimento. 

Combate à desinformação sobre carnes pode ser amplo

Um dos destaques do congresso foi Diana Rodgers, nutricionista conhecida nos Estados Unidos pelo documentário Sacred Cow, lançado em 2020 e que defende os benefícios da carne bovina para a saúde. “Acho que precisa haver algo como um cheque de carne bovina (taxa), para termos um grande fundo de conteúdo que forneça informações científicas e objetivas sobre ela”, disse.

O diretor da AgNext e professor de ciência animal na Universidade do Colorado, Dr. Kim Stackhouse-Lawson, também presente na conferência, conduz pesquisas em busca de tornar a indústria mais sustentável e destacou o papel das empresas multinacionais que pressionam a indústria a adotar essas formas mais sustentáveis de criação dos animais e de buscar melhores metas de emissões de carbono, entre outros compromissos. 

Em sua reportagem, o jornalista Eric Barker relatou que o Dr. Kim, assim como grande parte da indústria, estava confiante de que a indústria de carne poderia prosperar sob a pressão sustentável, mas que, atualmente, se mostra preocupado com mensagens emocionais que podem conturbar esse avanço, inclusive superando as evidências científicas sobre as vantagens nutricionais da carne.“As pessoas se preocupam muito com a sustentabilidade, mas obtêm suas informações de várias fontes, como redes sociais e internet, onde há muita confusão”, disse. “A emoção e a ciência devem estar em pé de igualdade quando se trata de discussões sobre sustentabilidade. Mas [na prática] a emoção sempre vence. Isso é muito difícil para alguém como eu, que dediquei a minha carreira profissional a dar uma base científica à sustentabilidade da pecuária”, desabafou ele.

O especialista defendeu ainda a importância de discutir a agricultura sustentável nas universidades, principalmente sobre o prisma emocional, sobre o qual ele comentou acima.