carol fiorentino

Cozinha inteligente aproveita tudo o que tem na geladeira, diz Carol Fiorentino

Cozinha inteligente é aquela acessível para todos e que também tem um fator afetivo, diz a chef especialista

Redação

em 25 de julho de 2022


Guardar centenas de receitas para fazer depois, e nunca fazê-las. Comprar um quilo de um novo ingrediente e só lembrar dele na hora que passou a data do vencimento. Ou deixar a sobra do almoço esquecida na geladeira. Comer aquilo que detesta unicamente porque está com o rótulo de saudável. Situações como essa são corriqueiras, mas não fazem parte da cozinha do futuro. Não para Carol Fiorentino.

Para a chef de cozinha, o prato do amanhã vem de uma cozinha inteligente, que não desperdiça alimentos e não cai em modismos. Uma cozinha simples, porém prática, que cabe na geladeira de todos. “Se fala muito em sustentabilidade, em escolha mais ecológica para oa alimentação, mas ainda vejo muitos jogando alimento no lixo, frutas estragando na fruteira”, disse Carol.  

Tudo começa no supermercado!

A cozinha inteligente começa fora da geladeira e do fogão, diz Carol. “Eu acredito que o futuro é realmente as pessoas se conscientizarem que elas precisam ter uma organização na hora das compras”, comenta a chef. Para isso, é preciso “se apropriar” da própria realidade, diz Carol.

Em outras palavras, é preciso encarar quais são os dias e horários que a pessoa pode se comprometer com a cozinha. Entender se almoça ou janta em casa, se prefere comer fora por mais dias. Se prefere lanchar ou jantar. Tudo isso entra na hora de contabilizar a lista. Além disso, é preciso colocar na equação quais são os alimentos que as pessoas sabem preparar ou quais elas gostam de comer.  

Ao compreender a própria rotina, a escolha da quantidade de alimentos fica mais natural. “É preciso entender também que existem comidas que dá para comprar em quantidade maior, como temperos ou arroz”, comenta. Até para se arriscar em novos sabores é preciso pensar antes. “Será que você terá tempo para fazer aquela receita nova?”, questiona a chef.

No caso de carnes, saber a procedência e como o animal é tratado faz toda diferença. “É preciso procurar as informações da marca da carne para saber como a empresa trata os animais. Isso também é honrar o alimento”, disse Carol. A ideia prática que Carol dá para o cotidiano é comprar a carne numa grande peça, mas pedir para ela ser dividida em diversos cortes.  “É mais fácil a gente descongelar durante a semana quando ela está cortada em bife ou está moída. Agora, comprar a peça e ir descongelando por partes pode fazer com que ela perca o sabor com o tempo”, aponta.

Sustentabilidade é usar tudo da geladeira

“A nossa geladeira não precisa estar abarrotada o tempo inteiro, ela pode estar com alimentos acabando. Não tem problema abrir uma geladeira e ela tem duas cebolas e uma cenoura, mostra que você está consumindo”, comenta a chef de cozinha. Para ela, a quantidade de comida apropriada para ter na geladeira tem que casar com a quantidade de alimentos consumidos na casa. 

Nesse sentido, entra o segundo passo da “cozinha inteligente”, que é usar os ingredientes para além das receitas da internet. “É preciso pegar uma receita que você sabe fazer bem e substituir os ingredientes. Por exemplo, se a pessoa sabe fazer arroz, é só substituir o grão, dá para acrescentar legumes. Se a pessoa sabe fazer feijão, é o mesmo princípio de fazer lentilha, grão de bico. É só trocar o grão”, disse. O importante para o dia a dia é a pessoa saber que a comida ficará boa.

Saber reaproveitar as comidas prontas também é um truque que traz flexibilidade para a cozinha do dia a dia. O conhecido “resto-de-ontem”, famoso nos lares brasileiros. Aproveitar o feito no almoço para fazer parte do jantar é uma forma de acrescentar sabores para o prato, sem precisar jogar alimentos fora. Se sobra carne de panela, é possível desfiar para colocar em um sanduíche ou em uma torta. Se sobra feijão, é possível bater e acrescentar macarrão ou arroz para virar uma sopa. “E tem que reaproveitar logo, porque guardar comida na geladeira é deixar para jogar fora mais tarde”, diz. 

“Diminuir o desperdício é honrar o alimento. Além de ser uma economia de dinheiro, tempo, energia”, fala a chef.

Afetividade e a busca pela comida perfeita

No final, a alimentação das novas gerações, ou o prato do amanhã, não será tão diferente daquele feito pelas nossas mães, pais e avós, diz Carol. “Na verdade, todas as dicas que eu estou falando não são novas. A gente resgada das nossas avós e mães, que usavam o feijão do almoço para fazer a sopa da janta”, lembra a chef.

A afetividade é parte importante das receitas de Carol. E ela acredita que isso não vai se perder para as próximas décadas. A tendência é que o simples volte para o menu. 

6 dicas para se alimentar melhor, segundo Carol Fiorentino 

  1. Honre o seu alimento
  2. Conheça o seu dia a dia
  3. Faça a lista de compras ajustada a esse dia a dia
  4. Escolha bem os ingredientes – e da melhor procedência possível
  5. Cozinhe com atenção e afeto
  6. Não ficou perfeito? Tudo bem! Tente novamente (e aproveite a refeição)