Dejetos de animais viram biogás em cooperativa goiana

Projeto faz parte de programa da Embrapa Agroenergia para reduzir emissões de gases de efeito estufa no setor agrícola

Redação

em 5 de julho de 2022


A Cooperativa Mista da Agricultura Familiar, do Meio Ambiente e da Cultura do Brasil (Coopindaiá), instalada na zona rural de Luziânia (GO), começou a fabricar seu próprio biogás, segundo reportagem do jornal Valor. A cooperativa recebeu, em junho, o primeiro, de três biodigestores que vão transformar dejetos de gado leiteiro em biogás. O projeto é resultado de uma parceria com a Embrapa Agroenergia, como parte do projeto Gasfarm.

A iniciativa com a Coopindaiá servirá como um experimento para a Embrapa Agroenergia, que diz ser um desafio projetar pequenos sistemas de biodigestão de baixo custo. Inicialmente, o projeto contemplará três propriedades, onde cada um dos biodigestores terá capacidade para produzir o equivalente a até quatro botijões de gás mensalmente.

A expectativa é que todos os sistemas estejam instalados e em operação antes do final deste ano. No total, a cooperativa registra mais de 600 associados, produzindo leite e derivados, grãos e hortifrútis. Desse montante, perto de duas centenas produzem em torno de mil litros de leite por mês, somando um rebanho de aproximadamente 10 mil cabeças. O biogás poderá ser usado para aquecer a água utilizada na limpeza das ordenhas e dos tanques de expansão, para alimentar o gerador de energia e ainda na cozinha dos associados.

Meta da Embrapa é ambiciosa

A Embrapa quer que, até 2030, algo em torno de 208,4 milhões de metros cúbicos de dejetos sejam tratados em projetos como o da Coopindaiá. Isso seria o equivalente à mitigação de 118,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente na natureza e contribuiria com uma meta ambiciosa de reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agrícola até 2030.

Tudo faz parte do plano ambiental ABC+, que conta com o programa Manejo de Resíduos da Produção Animal (MRPA). Nele, além de incluídos os ganhos com a mitigação das emissões da decomposição natural dos resíduos e da redução do uso de combustíveis fósseis, está a substituição do uso de fertilizantes sintéticos pelo uso de adubo.

Para acelerar esse processo, a Embrapa Agroenergia desenvolveu catalisadores que combinam diferentes minerais para uso no processo de reforma a vapor de biogás. O gás de síntese obtido a partir desse processo contém hidrogênio, que pode ser utilizado em diferentes setores, como petroleiras e metalúrgicas. O gás carbônico resultado do processo também pode ser aproveitado como matéria prima pelos setores químico e farmacêutico, segundo a Embrapa Agroenergia.